O projeto de pesquisa “A recepção do mito e do rito de um Teatro Negro Contemporâneo”, da atriz e pesquisadora Ainá Ayofemi de Campos Bento, começa em novembro a circulação do espetáculo OlorumAyé: uma história iorubá, na cidade de Campinas. Serão duas apresentações de 40 minutos, seguidas de uma roda de conversa, com entrada gratuita e participação voluntária. A primeira apresentação será no dia 13 de novembro, quinta-feira, às 19h30, no Auditório Ângelo Rossi do Campus I da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Campinas.
O projeto “OlorumAyé: uma história iorubá” é realizado pelo Ministério da Cultura do Governo Federal e pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura de Campinas através da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) de Fomento à Cultura – Edital nº 007/2024 – LEI Nº 14.399/2022.
O espetáculo “OlorumAyé: uma história iorubá”, apresentado pelo GRUPO ORIKI, já circulou por Campinas em 2023 e 2024. “Nesses anos de apresentação, lidamos com públicos distintos em relação a classe social, faixa etária, etnia e religião. Apesar dessas diferentes plateias, percebemos como essas narrativas foram importantes para a construção e formação de cidadãos políticos, críticos sociais e antirracistas.” , comentou Ayo Bento.
Segundo Bento, havia momentos em que a plateia se sentia representada e se identificava com as histórias logo no começo do espetáculo. Em outros, se afastava com julgamento e medo. Uma situação de esvaziamento em uma das apresentações levou Ayo Bento a transformar o espetáculo “OlorumAyé: uma história iorubá” em objeto de pesquisa para seu mestrado.
Como parte da pesquisa de mestrado da atriz e pesquisadora Ayo Bento, na Unicamp, o espetáculo retorna em 2025 com apresentações e uma roda de conversa no final. A peça terá acessibilidade comunicacional, porém essa acessibilidade não estará presente nos debates. “Sentimos muito pela falta de acessibilidade nos debates, mas por restrição orçamentária e estrutural, não tivemos outra alternativa. Enfatizamos que essa é uma limitação temporária, não uma decisão excludente.”, comenta.
Sobre a pesquisa
Após o espetáculo, haverá uma roda de conversa voltada a adultos interessados em participar da pesquisa. Nesse espaço, o público poderá dialogar com a pesquisadora e o grupo sobre suas impressões do espetáculo: o que motivou sua presença, quais cenas mais impactaram ou geraram identificação, medos vivenciados, preconceitos e tabus quebrados, pontos que não agradaram e possíveis melhorias.
“A proposta é criar um ambiente seguro para o compartilhamento de experiências, tanto artísticas quanto pessoais”, comenta Ayo Bento. Além do debate presencial, será enviado um formulário por e-mail e/ou WhatsApp com perguntas sobre o espetáculo e questões socioculturais, voltado a quem quiser contribuir mais ou não puder permanecer para a roda de conversa. Tanto no debate quanto no formulário, todas as perguntas serão opcionais. As informações serão tratadas com absoluto sigilo e anonimato, conforme os termos de consentimento livre e esclarecido, que serão apresentados verbalmente e por escrito.
Consciência Negra
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão em 13 de maio de 1888. Na cidade de Campinas, há registros da prática escravagista até meados de 1920. Diferente do que muitos livros de histórias retratam sobre a “libertação” dos escravizados, o processo abolicionista só existiu por causa do movimento da comunidade negra e indígena, através de fugas, resistência e muita luta por mais de 400 anos. O projeto de pesquisa “A recepção do mito e do rito de um Teatro Negro Contemporâneo” usa o espetáculo OlorumAyé: uma história iorubá, e as rodas de conversas, para entender e quebrar o estigma do preconceito, trazendo, para o centro do diálogo, a cultura afro-brasileira, o culto aos Orixás e o surgimento do mundo pela cosmogonia do povo iorubá.
Conheça o Grupo ORIKI
Ayo Bento – mulher preta, atriz, graduada e mestranda em artes da cena na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e idealizadora do grupo.
Kaetê Okano, homem transmasculino não-binário, indígena, é formado em Antropologia pela Unicamp e ator pelo Conservatório Carlos Gomes de Campinas – SP.
Renata de Oliveira, mulher preta, é dançarina, graduada em dança pela Unicamp e doutoranda em educação pela mesma instituição.
Nico Villas Bôas, músico e compositor, formado pela Unicamp em música popular brasileira e também um dos fundadores do grupo.
O Grupo ORIKI tem o interesse de somar com espaços de resistência à cultura negra, na busca de fortalecer a identidade do povo negro e a educação antirracista.
Serviço
OlorumAyé: uma história Iorubá
Data: 13/11 | Horário: 19h30
Local: Auditório Ângelo Rossi (PUC Campinas) | R. Professor Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, 1516 – Parque das Universidades, Campinas/SP
Entrada: gratuita | Indicação etária: Livre
Acessibilidade arquitetônica: SIM | Acessibilidade comunicacional: LIBRAS
Informações: @grupo.oriki
Sinopse
O espetáculo “OlorumAyé: uma história iorubá” narra itãs – histórias na língua iorubá – do orixá Exu, o que come primeiro, da criação da Terra pelo Senhor Todo Poderoso – Olorum e o orixá Oxalá, o nascimento do vento pela orixá Iansã, os saberes e encantamento das ervas do orixá Ossaim e a criação do ser humano pelos orixás Oxalá e Nanã. A partir do simbolismo de forma sutil, sensível, onírica e lúdica, o espetáculo convida o público a se aproximar do universo afro-brasileiro.
Ficha Técnica
Texto: Ainá Ayofemi | Elenco: Ayo Bento, Kaetê Okano e Renata de Oliveira | Músico: Nico Villas Bôas | Iluminação: Camilla Puertas | Som: Hellio Augusto | Produção Executiva: Ori-Okan Cultura & Arte-Educação | Intérprete de LIBRAS: Flávia Batista | Assessoria de Imprensa: Karime Ribeiro | Incentivo: Política Nacional Aldir Blanc (PNAB)







