Você sabia? Mata de Santa Genebra abriga 660 espécies de plantas e 365 de animais vertebrados
A Mata de Santa Genebra é uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) localizada em Campinas e representa uma das maiores reservas de floresta remanescente do bioma Mata Atlântica na região, com 251,77 hectares. Possui grande relevância ambiental, histórica e científica. É um santuário ecológico que pode ser definido como uma floresta estacional semidecidual, o que significa que boa parte de suas árvores perdem as folhas durante o inverno como estratégia para enfrentar o período de poucas chuvas.
Como é a biodiversidade da Mata?
Está localizada em uma área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, o que amplia a riqueza de diversidade vegetal. Abriga aproximadamente 660 espécies de plantas, algumas sob risco de extinção no país, como a palmeira-juçara e canela-sassafrás.
Abriga uma rica diversidade de animais, incluindo espécies ameaçadas de extinção. É um refúgio para animais como macacos e onças-pardas. Desde 2013 foram registradas nove ninhadas de onça-parda, com o total de 14 filhotes. A fauna vertebrada conta com 365 espécies identificadas, sendo 38 répteis, 20 anfíbios, 247 aves, 56 mamíferos e quatro peixes.
Além da onça-parda, a mata acolhe outros animais que estão na lista vermelha da fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo, como a Jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus) e o bugio-ruivo (Allouata guariba clamitans).
É possível visitar a Mata? Como são os passeios?
Há a possibilidade de realizar visitas autoguiadas gratuitas que são uma boa opção para pequenas turmas. No caso de grupos com mais de dez pessoas é sugerida a contratação de um condutor autorizado que realizará uma Visita Monitorada adequada aos interesses e necessidades dos visitantes. Escolas pública e entidades filantrópicas podem inscrever-se para uma atividade monitorada gratuita. Nesse caso, a abertura da agenda está prevista para o início de fevereiro de 2025.
O roteiro inclui a Trilha do Jatobá e Borboletário, viveiro de mudas nativas, Trilha do Folclore, Mini Pantanal Sanã e Meliponário, Trilha do Canxins e Contorno da Floresta.
No modo autoguiado, os visitantes caminharão sem o acompanhamento de um condutor pelos roteiros pré-determinados. Monitores estarão à disposição para esclarecimento de dúvida na sede da Fundação José Pedro de Oliveira. Para participar, clique no link e preencha o formulário para realizar a inscrição: https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/visita-autoguiada. Deverá ser feita uma inscrição para cada participante, inclusive crianças.
A Mata permite visitas em grupos?
Para grupos com mais de dez pessoas existe a possibilidade de contratação de um condutor de visitantes. A turma será acompanhada por uma ou mais pessoas com formação específica. A inscrição é feita por meio do link: https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/visita-monitorada-para-grupos.
São aceitos passeios de escolas?
Escolas públicas e entidades filantrópicas podem realizar o agendamento de visitas monitoradas gratuitas na ARIE Mata de Santa Genebra. Podem participar turmas com alunos de 3 a 17 anos. Cada escola ou instituição deve inscrever até três turmas por semestre na visitação gratuita. Cada visita deverá ter no máximo 40 alunos. O agendamento somente será confirmado após envio de e-mail de confirmação. Mais informações pelo link: https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/escolas-publicas-e-entidades-filantropicas.
Como é a história da doação da sombra da Mata?
Um dos aspectos mais curiosos sobre a Mata de Santa Genebra diz respeito à doação da unidade de conservação ao município.
Em 1981, a viúva de José Pedro de Oliveira, D. Jandyra, então proprietária da Fazenda Santa Genebra, doou a mata à Campinas com uma condição inédita na história ambiental brasileira: doou à Prefeitura de Campinas apenas a sombra da mata.
Ou seja, a área só pertence ao município enquanto a floresta se mantiver em pé. Se houver um incêndio, se as árvores forem derrubadas ou se qualquer incidente causar o desaparecimento da floresta e ela não lançar mais sua sombra sobre a terra, a propriedade deve voltar às mãos da família Oliveira.
Desde então, Dona Jandyra formalizou a doação da Mata de Santa Genebra à Fundação José Pedro de Oliveira, criada pelo Poder Executivo Municipal, para conservar e administrar a Unidade de Conservação, e ainda realizar pesquisas e atividades educativas em áreas do conhecimento biológico.
Uma orquestra já tocou na Mata?
Sim. No dia no dia em que foi assinada a doação da mata ao município, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas tocou em uma clareira no interior da floresta.
Há câmeras de monitoramento na Mata?
Sim. As câmeras estão instaladas no interior da floresta e já captaram diversas imagens de animais como onças-pardas e cachorros-do-mato. Somente este ano, foram flagradas imagens de onças-pardas pelo menos três vezes (uma vez o flagrante foi durante o dia, fato raro). Em novembro deste ano apareceu um pequeno e curioso filhote de onça-parda, que foi flagrado no interior da Mata pelas câmeras. Confira as imagens pelo link: https://campinas.sp.gov.br/noticias/115834/filhote-de-onca-parda-de-5-meses-e-flagrado-pelas-cameras-da-mata-de-santa-genebra.
O que é uma Área de Relevante Interesse Ecológico?
A Mata de Santa Genebra foi declarada Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) pelo Governo Federal em 1985. Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) é uma unidade de conservação que visa preservar ecossistemas e concilia a conservação da natureza com atividades humanas. As ARIEs são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e fazem parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
Quem é o gestor da Mata de Santa Genebra?
A Mata de Santa Genebra é gerida por uma parceria entre a Prefeitura de Campinas e a Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), instituída pela Lei Municipal nº 5.118/1981 com a competência de conservar e administrar a Mata. Trata-se de uma autarquia de direito público da administração indireta da Prefeitura Municipal de Campinas.
Ao longo de seus 43 anos de existência, a FJPO tem reconhecida atuação nas áreas de educação ambiental, restauração ecológica, monitoramento de pesquisas científicas, licenciamento ambiental das atividades na zona de amortecimento da ARIE, formação de brigada de incêndios, levantamentos florísticos, monitoramento da fauna silvestre e diversas outras atuações decisivas para a administração da unidade e sua conservação em meio urbano.
Como a Mata se tornou uma floresta pública?
A área que corresponde atualmente à Unidade de Conservação ARIE Mata de Santa Genebra fez parte, no passado, da Fazenda Santa Genebra, formada a partir de divisões sucessivas da última sesmaria (lotes de terra distribuídos pelo rei de Portugal a beneficiários) concedida na região.
No final do século XIX, quando ainda pertencia ao Barão Geraldo de Resende, a fazenda era considerada um modelo na produção de café para a província. No final de sua vida, porém, o Barão passou por dificuldades financeiras e teve sua fazenda leiloada. No início no século XX, a área passou a ser administrada pelo casal José Pedro de Oliveira e Jandyra Pamplona de Oliveira.
Durante esse período, acredita-se que a área de mata tenha sido mantida em pé pela necessidade de recursos florestais para o dia a dia da fazenda. Exemplo disso, foi a retirada de madeiras nobres das áreas de borda da Mata. Conta-se ainda que José Pedro era portador de doença respiratória e por acreditar que respirava melhor no interior da floresta manteve-a em pé.
Na década de 1970, movimentos ambientalistas ganharam força em todo o mundo. Em Campinas, ambientalistas, pesquisadores e profissionais de instituições de ensino buscavam meios de conservar os últimos fragmentos florestais da região.
Uma das propostas era que a Mata da Fazenda Santa Genebra fosse transformada em um reserva municipal propiciando a realização de estudos e pesquisas. A criação da reserva veio a se concretizar apenas em 1981, quando Dona Jandyra, já viúva de José Pedro, doou a Mata à Prefeitura Municipal de Campinas.
Em 1983, a área da mata foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), por meio da Resolução 02/1983. Em 1985 foi declarada pelo Governo Federal Área de Relevante Interesse Ecológico, através do decreto 91.885/85, e, por fim, em 1992, a área foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico Cultural de Campinas (Condepacc), por meio da Resolução 11/92.
Serviço
A sede da Fundação José Pedro de Oliveira, que administra a Mata de Santa Genebra, fica na Rua Mata Atlântica, 447, no Bosque de Barão Geraldo. O telefone de contato é (19) 3749-7200. Para visitar basta acessar o site fundação e realizar a sua inscrição.
O site oficial da Fundação José Pedro de Oliveira é https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/. No Instagram é @matasantagenebra e no Facebook é ARIE Mata de Santa Genebra – Fundação José Pedro de Oliveira.