O prefeito de Campinas, Dário Saadi, defendeu nesta quarta-feira, 5 de novembro, a necessidade de mais recursos federais para que os municípios possam bancar ações de combate às mudanças climáticas. Durante o Summit Pré-COP30 — Agenda SP+Verde, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, ele apresentou iniciativas bem-sucedidas da cidade, mas criticou o modelo atual de financiamento, que, segundo ele, sobrecarrega as prefeituras com empréstimos a serem pagos.

Saadi participou do painel “Territórios em Mudança: o Papel dos Municípios na Resiliência Climática”, onde detalhou ações que tornam Campinas mais resiliente. Ele destacou projetos como o Reconecta RMC, a redução de 18% na emissão de gases de efeito estufa e o plantio de 600 mil mudas de árvores.

“Campinas também tem feito todos os esforços possíveis para cumprir as metas e objetivos dos compromissos internacionais e nacionais para a mitigação e adaptação”, afirmou o prefeito. Entre as iniciativas citadas estão ainda as 20 microflorestas implantadas em áreas de calor da cidade e a eficiência no saneamento básico, que preserva os mananciais.

Saadi questionou o pacto federativo vigente, argumentando que a conta das mudanças climáticas recai sobre os municípios, enquanto o governo federal detém a maior parte dos recursos. “Os financiamentos oferecidos pelo governo federal são empréstimos que a Prefeitura tem que pagar depois. Até quando os municípios vão ter capacidade de pegar empréstimos?”, indagou.

A posição do prefeito foi reforçada por Fred Guidoni, presidente da Associação Paulista de Municípios, que reiterou que os gestores locais são os grandes executores, mas carecem de investimentos. Guidoni ressaltou a importância de consórcios e associações para dar escala aos projetos.

Os demais gestores também apresentaram cases locais. O prefeito de Santa Bárbara d’Oeste, Rafael Piovezan, citou a implantação de áreas verdes em ilhas de calor aliadas a estratégias de saúde. Já o prefeito de Santos, Rogério Santos, destacou a substituição de palafitas precárias por projetos estruturados com saneamento básico e serviços públicos.

O debate, que foi mediado por Cristiane Borda, gerente de Calor Urbano e Saúde da rede global C40, contou ainda com a participação de Rodrigo Corradi, secretário Executivo Adjunto para a América do Sul e diretor do ICLEI Brasil.