A Intersetorial Amarais, rede de trabalho formada por movimentos sociais, organizações não governamentais e órgãos públicos, realizou nesta quarta-feira, 22 de outubro, a exibição do documentário “Mulheres de Voz” e o lançamento da “Cartilha de Combate à Violência contra as Mulheres da Intersetorial Amarais “(https://drive.campinas.sp.gov.br/index.php/s/cnkEfGmCTZZRN9g). O evento ocorreu no CEU Thais Fernanda Ribeiro, na Vila Esperança.
Segundo Humberto José, coordenador do CRAS Espaço Esperança e responsável pela articulação com a equipe do filme, o documentário é fruto do projeto Mulheres em Movimento, desenvolvido no CRAS Espaço Esperança desde agosto de 2024. A cartilha foi elaborada pela Intersetorial Amarais com o objetivo de garantir o acesso das mulheres e dos profissionais da rede socioassistencial a informações sobre os serviços e os canais de defesa de direitos humanos que acolhem denúncias de violências contra as mulheres.
O filme “Mulheres de Voz” (Brasil, 2024, 40 min), dirigido por Érika Alencar com curadoria de Claudia Bortolato, surgiu do grupo de mulheres que se reúne semanalmente às quintas-feiras no CRAS Espaço Esperança. Na sessão desta quarta-feira, três protagonistas estiveram presentes e dialogaram com o público, formado majoritariamente por mulheres da região. As falas ressaltaram a coragem das personagens e abriram espaço para relatos sobre violência e transformação.
“A cartilha e o documentário são instrumentos de mobilização e conscientização. Eles mostram que a informação é uma forma de acolhimento e que conhecer os direitos é o primeiro passo para romper o ciclo da violência”, afirmou Vandecleya Moro, secretária de Desenvolvimento e Assistência Social.
De acordo com a organização, o público contou com 40 mulheres, resultado da mobilização dos serviços públicos e das organizações da sociedade civil que compõem a Intersetorial Amarais.
A iniciativa reafirma o papel da Intersetorial Amarais como articuladora de ações concretas no enfrentamento à violência de gênero. Ao fomentar espaços de escuta ativa e oferecer materiais acessíveis, como a cartilha, a rede reforça seu compromisso com a autonomia das mulheres e com a construção de uma comunidade mais justa, acolhedora e segura.
“A Intersetorial Amarais demonstra que o enfrentamento da violência contra as mulheres depende de união, de escuta e de compromisso público. Cada encontro como este reafirma que o poder público precisa caminhar junto com a comunidade para garantir proteção e autonomia às mulheres”, acrescentou a secretária.
O que a cartilha traz
Como identificar sinais de violência
A publicação convida a leitora a observar situações como controle de roupas, celular e dinheiro, necessidade de pedir permissão para sair, isolamento de amigas e familiares, alternância entre carinho e agressividade do parceiro, e desqualificações constantes, como “sem mim você não é nada” ou “você é louca”.
Tipos de violência
A cartilha define cinco formas: psicológica (xingamentos, humilhações, ameaças), sexual (forçar relação, impedir anticoncepção), patrimonial (destruir ou tomar objetos, controlar dinheiro), moral (difamar, espalhar mentiras) e física (empurrões, tapas, socos).
Seus direitos (Lei Maria da Penha)
O texto reforça medidas como a proibição de aproximação do agressor, a proteção em abrigo sigiloso e o acesso a atendimento psicológico, social e jurídico.
Mitos que dificultam a saída do ciclo de violência
“Ninguém vai acreditar em mim” (a rede acolhe e escuta).
“Eu posso fazer ele mudar” (não é necessário arriscar a própria vida esperando).
“Meus filhos não podem crescer sem o pai” (crianças também são vítimas e precisam estar protegidas).
“A culpa é minha, tenho vergonha” (a responsabilidade é do agressor e a vítima não está sozinha).
Como denunciar
A cartilha indica o registro de Boletim de Ocorrência presencial na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que funciona 24 horas, e também na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil de São Paulo.
Atendimento prioritário
Informa que vítimas de violência têm direito a atendimento prioritário (Lei 14.887/2024).
Rede de apoio
Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher (orientações e denúncias).
Delegacia Eletrônica da Polícia Civil de São Paulo (opção de registrar boletim online).
2ª DDM de Campinas (24h): Rua Ferdinando Panattoni, 590, Jardim Pauliceia (boletins de ocorrência, medidas protetivas e encaminhamentos).
CRAS Espaço Esperança: Rua Neuraci da Silva Rodrigues, 194, Recanto Fortuna. Tel. (19) 3733-7460 (acolhimento e orientação).
Casa da Mulher Campineira: Rua Onze de Agosto, 412, Centro. WhatsApp (19) 3236-3619 e telefone (19) 98350-2927 (atendimento social e jurídico presencial).
UPA Padre Anchieta: Rua São Bartolomeu, s/n, Conjunto Habitacional Padre Anchieta. Tel. (19) 3281-3170 (urgência em caso de lesões).
CREAS Norte: Avenida Brasil, 1987, Jardim Chapadão. Tel. (19) 3735-9060 (acesso a benefícios como auxílio-moradia e acompanhamento).
Abrigo SARA-M: acesso sigiloso por meio da delegacia, após registro de boletim (proteção e moradia provisória).







