Indaiatuba

Palestra de abertura sobre o ‘Setembro Amarelo’ recebe mais de 200 participantes

Foto: Eliandro Figueira RIC/PMI

O ‘Setembro Amarelo’ é uma campanha brasileira de conscientização da população a respeito da prevenção do suicídio. A Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria de Saúde em parceria com a Faculdade Anhanguera promoveu na quarta-feira (29) a palestra de abertura da Campanha. Mais de 200 pessoas participaram da capacitação com o tema ‘Prevenção de Suicídio – conceitos e estratégias’ ministrada pelo Dr. Carlos Cais, médico psiquiatra, mestre e doutor em prevenção de suicídio, pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Na ocasião a secretária de Saúde, Graziela Drigo Bossolan Garcia, falou com os presentes. “É uma alegria ver tantas pessoas emprenhadas com esse tema, agradeço a participação de cada um. Quero dizer que a prevenção do suicídio no atendimento público de Indaiatuba é o ano inteiro. Temos uma excelente equipe que trabalha com saúde mental e nosso objetivo é oferecer um atendimento de qualidade, com acolhimento e apoio aos que necessitam”, comenta Graziela.

O tema da campanha ‘Falar é a melhor solução’ tem o objetivo de alertar a sociedade a respeito da realidade em torno do suicídio. Em Indaiatuba o ano de 2017 foi marcado por 70 casos de tentativas de suicídio, cometidas por 38 pessoas. A média de ocorrência de suicídio concretizada no município é de 8 a 10 casos por ano. Vale destacar que a taxa de prevalência nacional da ocorrência do suicídio é de 5,7 para 100 mil habitantes por ano, dessa forma o município de Indaiatuba se encontra abaixo desse índice.

De acordo com o palestrante Dr. Carlos Cais é importante eventos como esse para tratar o problema de forma mais adequada. “O primeiro é tirar o assunto da sombra, pois isso não favorece a prevenção e em segundo é capacitar as pessoas, para que possam identificar situações de indivíduos em risco de suicídio. Hoje quero passar o que está se fazendo no mundo que é efetivo, pois a boa notícia é que o suicídio está caindo no mundo, nos últimos 15 anos caiu 30%, no entanto o Brasil está na contramão, pois não fizemos o dever de casa, as estratégias que estão mapeadas e as informações são de pouco conhecimento e eventos como esse são importantes para mobilizar pessoas e profissionais da saúde e iniciar o processo de interesse e capacitação e dar a visão panorâmica das ações que dão certo”, explica Cais.

Desde o ano passado o Ministério da Saúde tem estabelecido uma agenda de ações estratégicas compreendendo a importância da temática de saúde da população e estabelecendo compromissos e responsabilidades entre todas as instâncias elencando três eixos de cuidado: em primeiro a vigilância e qualificação da informação; em segundo a prevenção do suicídio e promoção da saúde e em terceiro a gestão e cuidado.

Dentro dessa perspectiva e acompanhando as diretrizes nacionais, a Comissão Municipal de Saúde Mental de Indaiatuba propõe, como uma das vertentes de cuidado à população, uma agenda de mobilização à prevenção ao suicídio a ser realizada no mês de setembro, mês-ícone de ações a respeito dessa temática.

Durante todo o mês de setembro terá a capacitação de trabalhadores da Rede de Atenção Básica. A proposta é compor grupos de trabalhos dividindo o município em cinco microrregiões assistenciais para a realização de capacitação técnico-pedagógica. Os grupos serão formados por trabalhadores do setor de saúde, educação, assistência social e terceiro setor. O objetivo primário é aprimorar o conhecimento da rede básica assistencial a realizar a escuta, identificar riscos e manejar de modo qualificado as demandas da população no território em torno do suicídio. A capacitação será conduzida pelos profissionais da Rede Básica de Saúde Pública junto ao grupo de trabalho do ‘Setembro Amarelo’ da Comissão Municipal de Saúde Mental.

No dia 29 de setembro para encerrar as atividades terão Tendas de Acolhimento das 9h às 13h na Praça Prudente de Moraes e Boulevard da Cecap, o objetivo é dar orientações à população, ampliando a possibilidade de escuta e apresentar a rede assistencial de cuidado em saúde mental.

Além das ações específicas de capacitação e orientações, a ideia é reforçar, aos profissionais da saúde, a importância da notificação compulsória das violências auto infringidas. Embora haja registros locais e nacionais, desde o ano de 2011 o Ministério da Saúde propõe a obrigatoriedade da notificação a fim de melhorar os dados epidemiológicos e favorecer o desenvolvimento das políticas públicas para a prevenção do suicídio. A falta desses dados epidemiológicos é um obstáculo para o melhor conhecimento da situação e das características dos sujeitos, assim como para o planejamento das ações. De acordo com o Guia prático para Rede Assistencial Básica de Serviços a inclusão da tentativa de suicídio na lista de agravos de notificação imediata pelo município, resulta na importância de tomada rápida de decisão, como o encaminhamento e vinculação do paciente aos serviços de atenção psicossocial, de modo a prevenir que um caso de tentativa de suicídio se concretize.

Dados Nacionais

A mortalidade por suicídio tem aumentado progressivamente, em números absolutos, embora as variações das taxas de suicídio aumentem ou diminuam, conforme a região geográfica. Atualmente, registram-se mais de 870.000 óbitos por suicídio em todo o mundo, o que representa 49% de todas as mortes por causas externas. Infelizmente, não há registros mundiais equivalentes para as tentativas de suicídio, entretanto, estudos mostram que as taxas de tentativas de suicídio podem ser de 10 a 40 vezes mais elevadas que as taxas de suicídio. No geral, o suicídio predomina em homens, numa proporção aproximada de 3:1. Já a tentativa de suicídio é observada numa relação inversa, porém observa-se, no entanto, que essas diferenças vêm diminuindo. No Brasil, em termos de faixa etária, a taxa de suicídio tem aumentado progressivamente, 21% em um intervalo de 20 anos. As taxas aumentaram com a idade, principalmente para o sexo masculino. A proporção de homens que se suicidaram vem sendo maior que a das mulheres, em todas as faixas etárias. Considerando-se as taxas totais, os homens brasileiros se suicidaram de duas a quatro vezes mais que as mulheres. Segundo a faixa etária, as pessoas com mais de 65 anos constituem o estrato com as maiores taxas de suicídio. O efeito da idade é uma tendência crescente a partir da faixa dos 45-54 anos, aumentando rapidamente até o estrato dos indivíduos com mais de 75 anos. O suicídio de indivíduos entre 5-14 anos é uma condição pouco frequente; entretanto, houve um aumento de 10 vezes na faixa etária de 15-24 anos nos últimos anos.

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