Brasil e Itália trocam experiências sobre enfrentamento de pandemia
A necessidade do isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus foi ressaltada em uma videoconferência realizada nesta quarta-feira, dia 15, entre governantes de municípios italianos e prefeitos brasileiros. A reunião, que foi transmitida ao vivo pelas redes sociais, foi mediada pelo prefeito de Campinas, Jonas Donizette, que também é presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
Da Itália, participaram os prefeitos de Bari, Antonio Decaro, presidente da Associação Nacional dos Municípios Italianos (ANCI); e de Bergamo, Giorgio Gori. A cidade de Bergamo fica na região da Lombardia, no norte da Itália, região mais atingida pelo novo coronavírus no país. Também participaram da reunião o secretário Municipal de Saúde de Campinas, Carmino de Souza e o prefeito de Teresina (PI), Firmino Filho, vice-presidente Nacional da FNP.
No início da videoconferência, o prefeito Jonas Donizette destacou que se solidariza com o momento difícil pelo qual a Itália está passando. “Essa conversa teve o propósito de conhecer as experiências que os prefeitos italianos estão tendo no enfrentamento da pandemia e que podem nos servir de orientação”.
Segundo o prefeito Antonio Decaro, de Bari, o novo coronavírus é uma doença que se espalha muito rapidamente. “A necessidade de restrição, de isolamento social, é fundamental, assim como o uso de proteção como máscaras. Sem isso, o sistema de saúde não tem condições de suportar a velocidade com que a doença chega”, afirmou.
Até meados de fevereiro, segundo o prefeito de Bergamo, Giorgio Gore, a Itália não havia se dado conta do tamanho do problema. “Tínhamos a ideia de que o vírus era algo de fora. Funcionavam bares, restaurantes. As pessoas ainda levavam uma vida normal. Mas tudo mudou de forma brusca”. Segundo ele, quando as autoridades identificaram a gravidade do problema, não houve discrepância entre as ações e o discurso do governo federal, províncias e comunas (cidades). “Todos seguem as recomendações das autoridades sanitárias”, disse. Esse ponto foi levantado pelo prefeito Jonas Donizette que questionou se enfrentavam, como no Brasil, resistência de governantes quanto à necessidade do isolamento.
A urgência da situação só foi de fato percebida pela população, de acordo com Gore, quando as pessoas começaram a ver amigos e parentes, adoecidos ou falecidos. “Não existe nenhum sistema de saúde que seja capaz de suportar uma demanda tão grande, principalmente com relação ao uso de respiradores. O objetivo do isolamento é romper essa cadeia de contágio”, complementou Decaro. Em outras regiões da Itália, as medidas protetivas foram tomadas antes, evitando o agravamento do problema.
Na reunião, também foram discutidas questões como tratamentos domiciliares para pacientes com Covid-19, estratégias para enfrentar o problema em instituições de longa permanência de idosos e auxílio financeiro do governo. Por lá, embora a quarentena termine no dia 3 de maio, as escolas só retornam em setembro, após as férias, e a retomada de eventos com aglomerações como shows e espetáculos sequer é cogitada para setembro. “Existe uma necessidade da volta ao trabalho, à vida, porque além da crise sanitária, existe uma crise financeira e econômica, mas será uma volta gradativa, pensando sempre na segurança”, destacou Gore.