Indaiatuba

Prefeitura promove ações de conscientização contra o suicídio durante o Setembro Amarelo

Foto: Arquivo- Eliandro Figueira RIC/PMI

O ‘Setembro Amarelo’ é uma campanha brasileira de conscientização da população a respeito da prevenção do suicídio. A Prefeitura de Indaiatuba por meio da Secretaria de Saúde em parceria com a Faculdade Anhanguera de Indaiatuba e o Centro Universitário Max Planck também abraçam a causa. Este ano foram propostas ações referentes ao tema que abrangem capacitações para profissionais da Rede Básica Assistencial, em especial a rede educacional e para a população em geral, assim como atendimento visando orientações. O tema da campanha ‘Falar é a melhor solução’ tem o objetivo de alertar a sociedade a respeito da realidade em torno do suicídio. O destaque das ações é o Workshop ‘Impacto do Comportamento Suicida’ ministrada pelo Dr. Neury José Botega no dia 10 de setembro das 14h às 17h no Ciaei (Centro Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba).

No primeiro semestre de 2019, Indaiatuba registrou por dados da Vigilância Epidemiológica, 44 casos de tentativas de suicídio. A ocorrência de suicídio concretizada no município nesse primeiro semestre foi de 4 casos. Vale destacar que a taxa de prevalência nacional da ocorrência do suicídio é de 5,7:100 mil habitantes /ano , dessa forma o município de Indaiatuba se encontra abaixo desse índice conforme dados oficiais da Vigilância Epidemiológica do município de Indaiatuba. “Sabe-se no entanto que esses dados não representam toda realidade, visto que a Notificação Compulsória das Violência Autoinfligidas ainda carecem de maior notificação e controle pelos órgãos da saúde pública e privada. A Notificação é medida importante pois move as ações públicas em direção à organização de ações preventivas e reabilitadoras”, comenta a psicóloga e coordenadora da Campanha Setembro Amarelo, Mychele Taguchi.

Desde 2017 o Ministério da Saúde tem estabelecido uma agenda de ações estratégicas compreendendo a importância da temática de saúde da população e estabelecendo compromissos e responsabilidades entre todas as instâncias elencando três eixos de cuidado: em primeiro a vigilância e qualificação da informação; em segundo a prevenção do suicídio e promoção da saúde e em terceiro a gestão e cuidado. Dentro dessa perspectiva e acompanhando as diretrizes nacionais, a Comissão Municipal de Saúde Mental de Indaiatuba propõe, como uma das vertentes de cuidado à população, uma agenda de mobilização à prevenção ao suicídio a ser realizada a partir do mês de setembro, mês-ícone de ações a respeito dessa temática.

PROGRAMAÇÃO

Para abertura das atividades, um Workshop será realizado no dia 10 de setembro das 14h às 17h no Auditório do CIAEI com tema ‘Impacto do Comportamento Suicida’ ministrada pelo Dr. Neury José Botega, médico psiquiatra e professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Autor de diversos livros e consultor de órgãos nacionais e internacionais na área de saúde mental, em especial da temática de suicídio. A inscrição para o evento poderá ser realizada pelo site da Prefeitura, no link [https://www.indaiatuba.sp.gov.br/saude/atencao-especializada/caps-ad/inscricoes/].

Durante todo o mês de setembro em diante o Grupo de Trabalho do ‘Setembro Amarelo’ realizará a capacitação de trabalhadores da Rede de Atenção Básica em especial da rede educacional. A proposta é compor grupos de trabalho dividindo o município em microrregiões educacionais, que contemplem um conjunto de escolas estaduais, técnicas e de ensino superior além dos equipamentos assistenciais do território para a realização de capacitação técnico-pedagógica sobre a temática do suicídio. A importância da expansão da ação para além do setor saúde converge à dimensão multifacetada da temática do suicídio, necessitando da qualificação da escuta de todos os atores que estejam vinculados à assistência primária à população bem como à importância da dimensão intersetorial de ações e intervenções no território de modo ampliado e eficaz de cuidado, atenção e vigilância. “Sabemos também que o fenômeno dos comportamentos de automutilação tem aumentado em índices e através de dados empíricos entre os adolescentes, principalmente dentro dos ambientes escolares, o que gera impacto na saúde do ambiente escolar como um todo”, comenta Mychele Taguchi.

O objetivo é aprimorar o conhecimento da Rede Educacional a realizar a escuta, identificar riscos e manejar de modo qualificado as demandas de saúde mental das escolas junto a outros equipamentos assistenciais. O objetivo secundário é promover a formação de atores multiplicadores desse conhecimento dentro de suas próprias unidades escolares, inserindo a temática em ações já desenvolvidas bem como auxiliando tecnicamente na elaboração de novas ações que coloquem a questão da saúde mental em voga, ampliando o cuidado a população dentro do ambiente escolar.

No dia 28 de setembro para encerrar as atividades haverão Tendas de Acolhimento das 8h às 13h na Praça Prudente de Moraes e Praça Renato Villanova (Praça do Cato). O objetivo é dar orientações à população, ampliando a possibilidade de escuta e apresentar a rede assistencial de cuidado em saúde mental.

Além das ações específicas de capacitação e orientações, a ideia é reforçar, aos profissionais da saúde, a importância da notificação compulsória das violências auto infligidas. Embora haja registros locais e nacionais, desde o ano de 2011 o Ministério da Saúde propõe a obrigatoriedade da notificação a fim de melhorar os dados epidemiológicos e favorecer o desenvolvimento das políticas públicas para a prevenção do suicídio. A falta desses dados epidemiológicos é um obstáculo para o melhor conhecimento da situação e das características dos sujeitos, assim como para o planejamento das ações. De acordo com o Guia prático para Rede Assistencial Básica de Serviços a inclusão da tentativa de suicídio na lista de agravos de notificação imediata pelo município, resulta na importância de tomada rápida de decisão, como o encaminhamento e vinculação do paciente aos serviços de atenção psicossocial, de modo a prevenir que um caso de tentativa de suicídio se concretize.

DADOS NACIONAIS

A mortalidade por suicídio tem aumentado progressivamente, em números absolutos, embora as variações das taxas de suicídio aumentem ou diminuam, conforme a região geográfica. Atualmente, registram-se mais de 870.000 óbitos por suicídio em todo o mundo, o que representa 49% de todas as mortes por causas externas. Infelizmente, não há registros mundiais equivalentes para as tentativas de suicídio, entretanto, estudos mostram que as taxas de tentativas de suicídio podem ser de 10 a 40 vezes mais elevadas que as taxas de suicídio. No geral, o suicídio predomina em homens, numa proporção aproximada de 3:1. Já a tentativa de suicídio é observada numa relação inversa, porém observa-se, no entanto, que essas diferenças vêm diminuindo. No Brasil, em termos de faixa etária, a taxa de suicídio tem aumentado progressivamente, 21% em um intervalo de 20 anos. As taxas aumentaram com a idade, principalmente para o sexo masculino. A proporção de homens que se suicidaram vem sendo maior que a das mulheres, em todas as faixas etárias. Considerando-se as taxas totais, os homens brasileiros se suicidaram de duas a quatro vezes mais que as mulheres. Segundo a faixa etária, as pessoas com mais de 65 anos constituem o estrato com as maiores taxas de suicídio. O efeito da idade é uma tendência crescente a partir da faixa dos 45-54 anos, aumentando rapidamente até o estrato dos indivíduos com mais de 75 anos. O suicídio de indivíduos entre 5-14 anos é uma condição pouco frequente; entretanto, houve um aumento de 10 vezes na faixa etária de 15-24 anos nos últimos anos.

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