Mais que um abrigo, o Samim acolhe, protege e reconstrói vidas em situação de rua. “Nosso trabalho começa pela escuta e evolui para a reconstrução de muitas vidas, por meio de um RG refeito, de uma família reencontrada ou de um lugar seguro para dormir”, afirmou Vandecleya Moro, secretária de Desenvolvimento e Assistência Social. 

Quando tudo falta, casa, comida, segurança, vínculos, o Samim é o lugar onde o mínimo volta a existir. Ali, um banho quente na madrugada fria, um prato de comida para quem não come há dias e um colchão limpo para quem dorme no chão da cidade deixam de ser raridade e voltam a ser rotina. 

O serviço não se limita ao pernoite, noite de hospedagem, ele funciona 24 horas por dia, todos os dias, como acolhimento institucional de alta complexidade, isto é, atendimento para situações com múltiplas necessidades ao mesmo tempo, como falta de documentação, saúde fragilizada e rompimento de vínculos. É um ponto de recomeço para pessoas em situação de rua, migrantes, refugiados, itinerantes, pessoas em trânsito entre cidades, e moradores em vulnerabilidade extrema. É onde a escuta acontece, onde um documento perdido é refeito, um vínculo familiar é restabelecido e a dignidade retorna com um gesto simples, acolher.

De janeiro a 15 de outubro de 2025, foram 26.550 pernoites, com média mensal de 2.213 no período. Os meses de março, 2.891, e julho, 2.856, concentraram os maiores atendimentos, reflexo da vulnerabilidade intensificada no frio. Em outubro, dado parcial, já havia 1.362 pernoites. A unidade dispõe de 120 vagas para ambos os sexos e tempo médio de permanência de 5 dias úteis. Em 2024, foram 34.146 pernoites no total, e a demanda permanece alta e estável em 2025, sem quedas abruptas, o que demonstra resposta operacional consistente.

O acolhimento é completo e individualizado. Há hospedagem noturna, alimentação completa, jantar e café da manhã, higiene pessoal com banho, toalhas e kits, distribuição de roupas e calçados conforme a necessidade e atendimento social com escuta e plano de ação. Desde a chegada, a equipe identifica demandas imediatas, saúde, higiene, alimentação e vestuário, e realiza encaminhamentos integrados para a rede de saúde física e mental, para abrigos e casas de passagem, para ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), para benefícios sociais nas esferas municipal, estadual e federal, para regularização de documentos, inclusive segunda via, e para reinserção familiar e comunitária, inclusive localização de familiares. 

Quando solicitado e tecnicamente indicado, são feitos recâmbios, retorno assistido à cidade de origem, com confirmação prévia de acolhimento familiar, institucional ou por serviços. O Samim também apoia a inscrição e a atualização no Cadastro Único, cadastro do governo federal que dá acesso a benefícios sociais. A participação em redes intersetoriais e interestaduais de proteção amplia a efetividade do atendimento.

O acesso obedece a regras claras. A entrada é proibida a menores desacompanhados. Para a identificação, solicita-se documento, preferencialmente com foto. A permanência é de até 5 dias úteis, com possibilidade de renovação mediante avaliação técnica. No caso de recâmbio, as passagens são concedidas apenas após confirmação de acolhimento; depois desse benefício, o retorno ao Samim só é permitido após 1 ano.

Quanto aos compromissos, espera-se que os usuários participem das reuniões de acolhimento, manhã e ou tarde, cumpram horários de entrada, saída, refeições, banho e atendimento, guardem os pertences no bagageiro nos horários indicados e retirem os itens no momento do desligamento, uma vez que pertences abandonados são descartados. São proibidos o ingresso alcoolizado ou sob efeito de drogas, o porte de armas, objetos cortantes, drogas, bebidas alcoólicas ou alimentos não autorizados, o uso de roupas inadequadas, a falsificação de dados de permanência, a retirada de bagagens sem comprovante, a permanência sem atendimento técnico e a presença de crianças desacompanhadas. 

O desligamento pode ocorrer por agressões, desrespeito, danos ao patrimônio ou ausência em dois pernoites, consecutivos ou não; o retorno ao serviço é possível após 6 meses. “Política pública só faz sentido quando devolve dignidade, e o Samim faz isso todos os dias”, reforçou Vandecleya. Com funcionamento ininterrupto, equipe técnica especializada e rede de apoio sólida, o Samim é acolhimento com propósito, cuidado com método e esperança com estrutura. É onde o abandono encontra proteção e o recomeço encontra suporte.