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Bolsistas do Mão Amiga recebem certificado em paisagismo sustentável

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Proposta inovadora da Administração Municipal, o Programa Mão Amiga, da Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, em parceria com a Ecotopia – Soluções Sustentáveis, entregou certificação a 21 bolsistas que executaram o projeto de intervenção paisagística “Como Somos”, na Praça Pedro Cané, em Barão Geraldo. A cerimônia de entrega de certificados ocorreu nesta quarta-feira, dia 11 de setembro, na sede da Fundação Síndrome de Down.
Este é o segundo ano consecutivo que o Mão Amiga atua em parceria com a Ecotopia. “A oficina durou um pouco mais de dois meses e os participantes foram capacitados em Paisagismo Sustentável. Essa ação é mais uma oportunidade que o programa oferece à população em situação de rua para viabilizar a reinserção na sociedade por meio da formação profissional”, comentou a coordenadora do Mão Amiga, Márcia Pantaleão.
O projeto paisagístico da praça é de autoria da arquiteta e paisagista Helena Overmeer. Ela explicou que a ocupação da área verde foi elaborada de maneira a que a passarela que atravessa a praça de um lado para o outro forme o desenho helicoidal do DNA, entrelaçando os caminhos.
O desenho proposto para a praça segue a mesma temática da 3ª edição da Mostra Sustentável “Vila 21: uma vizinhança preparada para o século XXI”, que tem a Fundação Síndrome de Down como objeto da revitalização. A exposição é assinada pelo arquiteto Fernando Caparica.
Porta para uma nova vida
O Programa Mão Amiga foi criado como uma possível porta de saída para a população em situação de rua. Para chegar ao resultado pretendido, há uma rede de serviços voltada para essas pessoas, tanto na área social como na área da saúde, com orientações contínuas.
Nosso grande desafio é conseguir que eles aceitem as regras da sociedade. Isso porque a situação vivida na rua faz com percam todas as regras. O nosso desafio é fazer com que entendam a importância disso para que consigam se estruturar e buscar a autonomia da vida deles”, explicou Márcia.
De acordo com ela, desde o ano passado o programa tem conseguido empregar os bolsistas. A empregabilidade é uma porta de saída qualificada, para o momento em que conseguem se livrar do uso abusivo das substâncias psicoativas e passam a respeitar regras, hierarquias e compromissos.
Ao assumir essas responsabilidades, eles estão prontos para o mercado de trabalho e, com isso, conseguem resgatar toda a vida que foi interrompida por várias circunstâncias, porque a situação de uma pessoa de rua é sempre de uma complexidade muito alta. São várias coisas que acontecem que os fazem desistir de si mesmos”, retrata a coordenadora.
O depoimento de um dos bolsistas que recebeu certificado nesta quarta-feira, Hélio Catelan, corrobora a explanação da coordenação do programa. Ele conta que ficou cerca de 20 anos “sem rumo, sem raiz, sozinho no mundo, sozinho no meio da multidão”. Mas diz que depois de ter sido acolhido na Casa de Passagem Nossa Casa, um dos serviços da rede socioassistencial para população em situação de rua, tomou outra direção.
Hoje eu já estou usufruindo momentos muito bons ao lado da minha família, pessoas que fazia uns 15, 18, 10 anos que eu não via. Passei o Dia dos Pais com o meu pai, fui no casamento do meu irmão caçula. E eu tenho certeza absoluta, sem sombra de dúvidas, que no futuro, assim, bem próximo, eu já vou estar desfrutando daquilo que estou plantando hoje. Não só essas plantas que a gente planta nas aulas práticas, mas colhendo do melhor da vida, que é viver uma vida dentro da sociedade”, comemora.
De acordo com ele estão sendo resgatados laços perdidos há muito tempo que ele acreditava não ser possível reconquistar. “Eu estava na casa de passagem Nossa Casa, onde o pessoal, muito bacana, me estendeu a mão e aí acabou dando certo o Mão Amiga… Eu já tinha o desejo, mas eu imaginava que não fosse possível porque não estava ao alcance no momento. E eu fui surpreendido, fiquei muito contente, muito alegre… Estou muito motivado em dar continuidade e tenho planos, mas já estou reconquistando muita coisa, está sendo muito bom e não vai parar por aí”, anuncia.
O programa
O Programa Mão Amiga vem com a proposta de investimento pessoal em cada bolsista. Busca compreender o problema individual para tentar solucioná-lo. O município de Campinas foi o idealizador dessa proposta, que se tornou programa instituído por lei.
Atualmente, o Mão Amiga está na 4ª turma, com 25 bolsistas, e mais 12 remanescentes da turma 3, em processo de inclusão para empregabilidade, perfazendo 40 bolsistas ativos. 
A turma 4 finalizou o processo de formação em Jardinagem e Paisagismo, com perspectiva de segunda formação na área de construção civil. Das turmas anteriores, 54 pessoas foram certificadas em jardinagem e paisagismo, e destas, dez também foram certificados em hidráulica.