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Campinas reverte tendência histórica e dobra percentual de áreas verdes

Após redução histórica de áreas verdes em Campinas, com mais intensidade a partir de 1952, há um processo de crescimento da cobertura vegetal no território da cidade. Nos últimos dez anos, o município passou de um cenário de 7,07% de áreas verdes – principalmente fragmentos florestais, áreas na margem de córregos e rios – para 14,4%, segundo novo levantamento do Inventário Florestal de São Paulo, divulgado no final do mês de julho de 2021.

 

Segundo o Inventário Florestal publicado em 2000, o município de Campinas contava com 2.263,77 hectares de área com cobertura vegetal (cerca de 2,85% do território). Já na segunda década do século, em 2010, segundo o novo Inventário do Estado, Campinas apresentou o valor de 5.620,78 hectares de área com cobertura vegetal (cerca de 7,07%). Em 2020, o valor de área revegetada no município chegou a 11.435 hectares, correspondente a aproximadamente 14,4% da área territorial municipal, mais do que dobrando a cobertura vegetal, conforme este levantamento apresentado pelo Estado.

 

Apesar de toda a queda nos séculos anteriores, o estudo mostra que a vegetação passou a ser recuperada – sobretudo a partir da última década. O que possibilitou este crescimento, segundo o secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS), Rogério Menezes, foi a política pública de cultivos para recuperação de áreas verdes, com o plantio de 225 hectares, e a maior fiscalização por meio de compensações ambientais, favorecendo a regeneração natural.

 

“Nós plantamos, desde o início de 2013, em média, 40 mil mudas por ano em compensações ambientais – nesses anos a gente já plantou 225 hectares. Mas o crescimento da vegetação, com a ampliação da área verde de 11,9% para 14,1%, representa 1.950 hectares de área recuperada”, afirma Menezes. “Isto ocorreu, em parte, graças à regeneração natural no cenário de maior fiscalização, com tecnologia aplicada; e da consciência maior dos proprietários rurais – que hoje têm que fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR) – na esfera federal – de cada propriedade, e no qual toda a vegetação é georreferenciada”. 

 

De acordo com o secretário, foram tomadas decisões importantes para chegar a este resultado. “Além da ampliação da fiscalização ambiental – tínhamos 4 fiscais na área ambiental e hoje nós temos 11 – nós utilizamos tecnologia aplicada à fiscalização. Às vezes fazem uma denúncia e dizem ‘o fiscal não esteve aqui’. Não esteve porque, em muitos casos, não precisava estar. Uma área derrubada a gente vê pelo computador, a gente dá o zoom no território, são imagens do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que nós recebemos”, completa Menezes.

Outra importante medida adotada pela SVDS ao longo da última década, segundo o secretário,  foi a diretriz de recompor áreas de preservação permanente (APPs) por meio do programa de Pagamento de Serviços Ambientais, áreas de proteção de recursos hídricos, áreas de proteção de mananciais e na APA de Campinas (Área de Proteção Ambiental na região de Sousas e Joaquim Egídio) também – existem plantios sendo feitos em propriedades rurais através do programa de PSA.

 

Todo proprietário rural é obrigado a fazer o CAR, em que inclui imagens georreferenciadas de satélite, toda a vegetação da propriedade, informação sobre a demarcação das áreas ao entorno da margem de córregos e rios, e demarcação de 50 metros de raio ao redor das nascentes. Fazer o cadastro destes dados é obrigação legal e cada proprietário rural precisa entregar as informações ambientais de suas posses. Em Campinas, a maioria dos proprietários rurais se inscreveram pois têm responsabilidade com esta dívida ambiental de cada propriedade. 

 

“Neste novo cenário há maior conscientização, maior fiscalização e ação pró-ativa do poder público, da Prefeitura – já são 300 campos de futebol plantados em compensações ambientais com árvores nativas, o que contribui para esta recuperação histórica”, completa o secretário do Verde.

 

Desde o surgimento da cidade, perdemos matas e o forte crescimento da cidade impactou demais as áreas verdes, desde os anos 50 até os anos 2000, com derrubada de árvores e desmatamento. Agora, há o processo de retomada da cobertura vegetal do município iniciado a partir de 2000. 

 

Quanto de área verde Campinas perdeu até agora?

 

Segundo Rogério Menezes, este é um valor complexo de se calcular. Ele explica que estimativas do Instituto Florestal indicam que o Estado de São Paulo tinha, no período de pré-colonização, cerca de 81,8% de cobertura vegetal. Em 1854, este valor caiu para 79,7%; para 70,5%, em 1886, e assim em diante, até chegar no patamar de 3% no ano 2000 .

 

Assim, por falta de levantamentos municipalizados com confiabilidade, pode-se estimar que a perda que o município passou até o ano de 2000 reflete a tendência do Estado como um todo.

 

Evolução dos percentuais de áreas verdes nos últimos anos

 

. 2000 – 2.263,77 hectares – 2,85% do território

. 2010 – 5.620,78 hectares – 7,07% do território

. 2016 – 9.460 hectares – 11,5% do território

. 2018 – 10.986 hectares – 13,81% do território

. 2021 – 11.435 hectares – 14,4% do território

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