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Estudo aposta que maior parte das pessoas com Covid-19 desenvolve anticorpos

A imunidade adquirida ou não após a infecção pelo novo coronavírus é uma das perguntas centrais no debate atual da pandemia do novo coronavírus, ainda sem muitas respostas. Um grande estudo com pessoas de Nova York que tiveram Covid-19 traz o que parece ser uma boa notícia: a maior parte das pessoas infectadas desenvolve anticorpos.

O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês) e ainda não revisado por pares, analisou 1.343 pacientes com Covid-19 confirmada em testes ou com sintomas autodeclarados da doença. Praticamente todos tiveram sintomas de leves a moderados e só 3% tiveram que ir a um pronto-socorro.

Entre 26 de março e 10 de abril, uma parte das pessoas que fizeram parte do estudo fez testes do tipo PCR (o mais preciso) e outra parte fez testes de detecção de anticorpos. Todos que participaram deveriam já estar assintomáticos.

Dos 1.343 pacientes, 624 tiveram confirmação da Covid-19 por PCR. Nesse grupo, 511 tinham altos níveis de anticorpos presentes (o que os tornava também possíveis doadores de plasma sanguíneo para pacientes ainda afetados pelo novo coronavírus, uma opção terapêutica em estudo), 42 tinha níveis fracos e em 71 não foram detectados os anticorpos.

Os pesquisadores da Escola Icahn de Medicina Monte Sinai então voltaram a testar 64 das pessoas com fraca presença dos anticorpos ou nas quais tais defesas não foram encontradas. Observaram que 57 delas tinham tido aumento de anticorpos entre os dois testes (um intervalo de tempo médio de 13 dias). Ao todo, nesse subgrupo, somente quatro pessoas permaneceram com presença fraca de anticorpos e três continuaram como negativos para a presença da proteção.

Já entre os 719 pacientes sem confirmação por testes de Covid-19, 250 apresentavam altos níveis de anticorpos, 19 tinham níveis fracos e 436 deram negativo para a presença deles –o que, segundo os pesquisadores, indicaria que essas pessoas na verdade não estavam infectadas, que os testes de detecção de anticorpos falharam ou que não houve tempo suficiente para uma resposta imune. Esse grupo foi testado, em média, 19 dias após o fim dos sintomas.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa afirmam que os resultados não permitem afirmar que haja imunidade após a infecção pelo Sars-CoV-2, mas que, pelo que se conhece sobre outros patógenos, é possível que as pessoas que já ficaram doentes criem algum nível de proteção contra o vírus.

Também observaram que a resposta de anticorpos no corpo demora de 7 a 50 dias para ser detectada após o início dos sintomas.

Os cientistas vão acompanhar os níveis de anticorpos dos participantes do estudo por seis meses para ver a duração dessa resposta imune.

Chamou a atenção dos pesquisadores que 19% dos participantes da pesquisa continuaram com testes PCR positivos mesmo após afirmarem que os sintomas da Covid-19 tinham acabado completamente. Isso pode influenciar a janela de transmissão do vírus. A detecção, porém, também pode apontar somente a presença de fragmentos não infecciosos do vírus na pessoa.

Uma das limitações do estudo foi o fato de os pacientes terem casos não tão graves de Covid-19, o que impede conclusões sobre os casos mais graves da doença. Além disso, pode ter ocorrido um viés de seleção dos participantes, considerando que os participantes foram recrutados a partir de relatos feitos por eles mesmos.

Os pesquisadores também afirmam que é necessário entender, em estudos futuros, quais são os pacientes que não desenvolvem resposta imune diante do coronavírus e por quê.

PHILLIPPE WATANABE – FOLHAPRESS

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