Sinfônica abre a temporada, em março, com a 9ª Sinfonia de Beethoven
“Meu caro Luís, que vens fazer nesta hora/de antimúsica pelo mundo afora?”, pergunta Drummond no poema “Beethoven”. A resposta está na sonoridade das orquestras do mundo inteiro que celebram, em 2020, os 250 anos de nascimento do genial e revolucionário compositor Ludwig van Beethoven (1770-1827).
Na rota das homenagens, a Sinfônica de Campinas inicia a temporada artística com a monumental Sinfonia nº 9, escrita quando Beethoven já estava totalmente surdo, e especialmente famosa por seu movimento final, que reúne coro e solistas na interpretação dos versos da Ode à Alegria, de Friedrich Schiller.
Os concertos, com entrada gratuita, acontecem no sábado, 7 de março, às 20h, no Teatro Castro Mendes, e no domingo, 8 de março, às 18h, na Concha Acústica do Taquaral.
As apresentações, sob a batuta do maestro Victor Hugo Toro, reúnem os solistas Luciana Melamed (soprano), Mere Oliveira (mezzo-soprano), Hélenes Lopes (tenor), Igor Vieira (barítono) e os grupos Madrigal Vivace (regente, Vastí Atique), Collegium Vocale Campinas (regente, Akira Kawamoto), Coro Contemporâneo de Campinas (regente, Angelo Fernandes).
No repertório, o público também poderá apreciar o dueto de Ceci e Peri, “Sento una forza indomita”, de O Guarani, do compositor campineiro Carlos Gomes (1836-1896). A ópera completa 150 anos de sua estreia, no Teatro Alla Scalla de Milão, na Itália.
“Nesta data em que se comemora os 250 anos de um dos maiores criadores da história, nos unimos às melhores orquestras do mundo para essa celebração. E começamos com a Nona Sinfonia, que é uma peça que vai além da sua qualidade artística. É uma obra que virou patrimônio da humanidade, que fala para todos os homens em todas as línguas independentes do credo, da religião, da cidadania, da linguagem”, destaca o maestro Victor Hugo Toro.
“No programa”, prossegue, “também apresentaremos o famoso dueto final do primeiro ato de O Guarani, em razão de outra efeméride importante, os 150 anos da estreia da ópera O Guarani, em Milão, na Itália. É uma obra reconhecida mundialmente na cultura operística”.
Gênio e revolucionário
A enorme influência do compositor alemão na música ocidental ressoa com potência. “Além do profundo conteúdo humano, é notável que uma composição dessa envergadura tenha saído da pena de um homem em constante luta contra suas limitações. Esta obra se destaca também por extrapolar os limites da composição musical da época e por trazer dentro de si uma enorme contradição: é produto da tenacidade de um indivíduo solitário e recluso, portador de uma surdez irreversível, mas também celebra um ideal de fraternidade e congraçamento universais”, escreve a musicóloga Lenita W. M. Nogueira.
Segundo ela, “durante o segundo movimento da composição, o público ovacionou a peça, chegando a prejudicar a execução. Beethoven, sentado ao lado do maestro Umlauf, de frente para a orquestra, nada percebeu. Ao final, uma das cantoras o tomou pelo braço e lhe revelou seu triunfo”.
No famoso quarto movimento, Beethoven incorporou o poema de Friedrich Schiller Ode an die Freude, Ode à Alegria, cujo texto é cantado por solistas e coro. “O poema foi escrito em 1785 e nele são exaltadas as alegrias da comunhão, as maravilhas da natureza, do universo e do eterno mistério do amor divino. Musicalmente, Beethoven parte de um clima sombrio para chegar a uma visão gloriosa de um mundo dominado por amor, tolerância e fraternidade universal”, afirma a musicóloga.
Sobre os solistas
LUCIANA MELAMED, Soprano
Natural de Curitiba, é mestre em canto pela Mozarteum University Salzburg, na Áustria, e diplomada em Performance pela Universidade de Indiana, EUA. Venceu o primeiro grande prêmio no V Concurso de Canto “Bidu Sayão”, em Belém do Pará e foi premiada nos concursos “Maria Callas”, em Jacareí, e “Carlos Gomes”, em Campinas, além de ter sido finalista em diversos concursos internacionais na Europa e Estados Unidos.
MERE OLIVEIRA, Mezzo-soprano
Premiada em diversas competições de canto lírico na América Latina, tem em seu repertório, grandes personagens das óperas “Aida”, “Rigoletto”, “Samson et Dalila”, “Gianni Schicchi”, “Cavalleria Rusticana” e “Carmen” dentre outras. Especializada em Performance Vocal, compõe o elenco do Ópera Atelier Artists e coordena o Sistema de Corais de Taubaté, além de ministrar aulas de Técnica Vocal no Centro Cultural dessa cidade e dirigir o Ópera Studio do Vale.
HÉLENES LOPES, Tenor
Bacharel em Canto pela UFG, na classe do professor Dr. Angelo Dias, venceu o I Concurso Internacional de Canto de Goiânia e o Prêmio Adriano Pinheiro. Interpretou diversas óperas, dentre elas, “La Traviata”, “Cavalleria Rusticana”, “La Bohème”, “Madama Butterfly”, “Carmen” e “Il Guarany”, além das estreias mundiais “A Décima Quarta Estação” e “A Chave”. Foi solista na “Messa da Requiem”, de Verdi, “Nona Sinfonia”, de Beethoven e “Te Deum”, de Bruckner.
IGOR VIEIRA, Barítono
Mestre em Performance Vocal pela University of Missouri-Kansas e Bacharel pela Westminster Choir College. EUA, possui, em seu repertório, mais cem papeis diferentes, dentre eles, personagens das óperas “Il Barbiere di Siviglia”, “Don Giovanni”, Le Nozze di Figaro” e “Carmen”. Apresentou-se junto a importantes orquestras no Brasil, Estados Unidos e Europa, recebendo importantes prêmios de Canto de Lírico.
CORO COLEGIUM VOCALE CAMPINAS – Akira Kawamoto, Regente
Grupo vocal independente criado em 2005, é formado por amantes amadores da música coral, estudantes de canto e professores de Música. Com ênfase na execução da música coral erudita e sacra, já se apresentou com as Orquestras Sinfônicas de Campinas, Sorocaba, Americana, da UNICAMP e a Filarmônica Popular. Desde sua fundação, tem como regente titular o maestro Akira Kawamoto.
CORO CONTEMPORÂNEO DE CAMPINAS – Angelo Fernandes, Regente
Fruto da união do Maestro Angelo Fernandes com os alunos de canto, instrumento, regência e composição dos cursos de Música do Instituto de Artes da Unicamp, guia-se pelo desejo de disseminar a música coral em Campinas. Fundado em 2009, sua atuação contempla repertório a cappella e montagens de óperas e cantatas, apresentando-se regularmente com a Sinfônica de Campinas e da Unicamp. Gravou o CD “De Batuque e Acalanto” em comemoração ao seu 10º aniversário.
MADRIGAL VIVACE – Vastí Atique, Regente
Com um repertório variando do erudito ao popular, tem se apresentado com diversas orquestras do estado de São Paulo. Foi premiado no Mapa Cultural Paulista e gravou o CD Brasil Vivace. Desde a sua formação, em 1999, recebe apoio do Centro de Educação Musical “Lúcia Olga Chaves” e tem a direção artística e regência da maestrina Vastí Atique. Atualmente tem como monitor assistente David Pinheiro e o apoio cultural da empresa Astra.
Programa
CARLOS GOMES
Il Guarany, dueto Sento una forza indomita
LUDWIG VAN BEETHOVEN
Sinfonia nº 9, em Ré menor, Op. 125 (Choral)
Serviço
Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas
Abertura da Temporada 2020
Quando: sábado, 07/03, 20h
Para ambos os concertos, doação voluntária de 1kg de alimento.