Com convidados, Sinfônica interpreta Wagner e Mahler neste fim de semana
Sob regência do maestro Victor Hugo Toro, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresenta no próximo sábado, 13, às 20h, e no domingo, 14 às 11h, obras dos compositores Richard Wagner e Gustav Mahler. Os concertos, no Teatro Municipal José de Castro Mendes, terão a participação especial dos solistas Paulo Mandarino (tenor) e Ana Lúcia Benedetti (mezzo-soprano).
Na programação, a obra “Parsifal, WWV 111: Prelúdio ato I” e “Parfisal, Encantamento da Sexta Feira Santa”, de Wagner, que transformou o pensamento musical com a obra de arte total. Para ele, a música não é o único elemento importante, ela associa-se a outras artes em benefício da expressão dramática.
Já, a última obra de Mahler, “A Canção da Terra”, mostra um compositor que vinha de um período de grande sofrimento com a perda de sua filha Maria e o diagnóstico de uma doença congênita no coração.
Victor Hugo Toro
Nascido em Santiago do Chile, realizou estudos de regência orquestral e graduou-se pela Faculdade de Artes da Universidade do Chile. Foi vencedor do II Concurso Internacional de Regência Orquestral – Prêmio OSESP . Tem sido convidado a reger as mais importantes orquestras de seu país, além da OSESP, onde foi regente assistente e apresentou importantes peças do repertório universal.
Junto ao seu importante trabalho com orquestras jovens de seu país, Victor Hugo Toro é também compositor e suas obras têm sido interpretadas por diversos grupos sinfônicos e de câmara. Recentemente foi laureado pela Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino com a Ordem do Mérito Cultural “Carlos Gomes” no grau de comendador, recebeu de parte da Câmara Municipal de Campinas a medalha “Carlos Gomes”, pelos relevantes serviços prestados à cidade. Atualmente é diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.
Ana Lúcia Benedetti
A mezzo-soprano Ana Lúcia Benedetti, artista em franca ascensão na cena lírica nacional, mostrou a que veio desde Liber scriptus, o solo que Verdi adicionou posteriormente à partitura. Com uma voz ricamente expressiva e um timbre lindíssimo.
Brasileira, natural de São Paulo, estudou piano no Conservatório de Música “Ars et Scientia” e é bacharel em Canto pela Faculdade Mozarteum na classe de Francisco Campos Neto. Ana Lúcia tem seu talento premiado em vários concursos no Brasil. Venceu o 1º lugar no IX Concurso de Canto Maria Callas (2009), o prêmio Melhor Voz Feminina . Em 2015, no Theatro Municipal de São Paulo, interpretou Emília em Otello de G. Verdi com regência de John Neschling e direção de Giancarlo del Monaco; Olga em Eugene Onegin de P. Tchaikovsky com regência de Jacques Delacôte e direção de Marco Gandini e Albine em Thaïs de J. Massenet com regência de Alain Guingal e direção de Stefano Poda. Nesse mesmo ano, debutou como Santuzza em Cavalleria Rusticana de P. Mascagni no Teatro Municipal de Santiago com regência de José Luis Domínguez e direção de Fabio Sparvoli.
No repertório sinfônico, destacou-se também na Sinfonia nº 9 de Beethoven com a Sinfônica do Paraná (2014) e Sinfônica de Minas Gerais (2013) e na Série Tucca de Concertos sob regência de João Maurício Galindo (2012); concerto de Gala Lírica com a Orquestra Sinfônica da Bahia sob regência de Luiz Fernando Malheiro (2013), Homenagem a Maria Callas sob regência de Giuseppe Sabbatini (Theatro São Pedro, 2011); Oratório de Natal de C. Saint-Säens sob regência de João Maurício Galindo (Sala São Paulo, 2011), entre outros. Compromissos recentes incluem Sinfonia nº 8 de Mahler no Theatro Municipal de São Paulo; Sinfonia nº 2 de Mahler com a Orquestra Filarmônica de Goiás; Il Matrimonio Segreto de D. Cimarosa (Fidalma) e Rückert-Lieder de Mahler no Theatro São Pedro.
Paulo Mandarino
Voz de excelente timbre com agudos luminosos e brilhantes, excelentes predicados vocais com atuações cênicas impecáveis. Com sólida formação musical, Paulo Mandarino destaca-se no cenário lírico como intérprete de personagens que vão do clássico ao verismo. Ganhador da Bolsa Virtuose, concedida pelo Ministério da Cultura a profissionais consagrados, estudou na Accademia Lirica Italiana, em Milão, com o tenor Pier-Miranda Ferraro. Apresentou-se em concertos nas cidades de Paris, Milão, Roma, Viena e Budapeste. Sua estreia profissional foi como Edgardo, na ópera Lucia di Lammermoor, de Donizetti em sua cidade nata, Brasília. Desde então apresenta ao público personagens como Rodolfo, em La Bohème; Pinkerton, em Butterfly; Cavaradossi, em Tosca, de Puccini; Idomeneo, em Idomeneo, de Mozart; Riccardo, em Un ballo in maschera; Duca di Mantova, em Rigoletto, de Verdi; Oedipus, de Strawinski; Hoffmann, de Offenbach, Faust, de Berlioz.
Como concertista, Mandarino tem se destacado por suas participações no Requiem e Inno delle Nazioni, de Verdi; Sinfonia nº 9, de Beethoven; O Messias, de Haendel, entre outras obras. Trabalhou com maestros como Jacques Delacote, Isaac Karabtchevsky, Ligia Amadio, Roberto Minczuk, Marin Alsop, Victor Hugo Toro, Marin Alsop, Luiz Fernando Malheiro, Silvio Viegas, Alessandro Sangiorgi, Roberto Tibiriçá, Guilherme Mannis, Marcelo de Jesus nos maiores teatros brasileiros como Municipal de São Paulo, Municipal do Rio de Janeiro, Sala São Paulo, Teatro Amazonas e Palácio das Artes.
Compromissos recentes incluem Faust, em La damnation de Faust, de Berlioz, no Theatro Municipal de São Paulo e a Nona Sinfonia de Beethoven com da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) na Sala São Paulo, concerto 3 Tenores em Vitória entre outros.
RICHARD WAGNER
Parsifal, WWV 111 – Prelúdio do Primeiro ato e Encantamento de Sexta-Feira Santa (Charfreitagszauber)
Wagner transformou o pensamento musical com a ideia da Gesamtkunstwerk, ou obra de arte total, na qual a música não é o único elemento importante, ela associa-se a outras artes em benefício da expressão dramática. O compositor não utilizava o termo ópera, já que o julgava impróprio para expressar a amplitude de seu trabalho, preferia chamar de drama musical.
Costuma-se dividir a obra de Wagner em três períodos: no primeiro compõe obras como Rienzi, ainda dentro dos padrões tradicionais; no segundo escreve óperas mais arrojadas como Lohengrin e Tannhäuser; e o terceiro, ainda mais ousado, inicia-se com Tristão e Isolda, obra notável pela textura contrapontística, cromatismo exacerbado, harmonias e orquestração inovadoras, além do uso intenso de leitmotivs, um tema musical que é associado a personagens, objetos, emoções, ideias ou elementos do drama.
Parsifal, que estreou no Teatro de Bayreuth em 1882, pertence e esta última fase. Para escrevê-la Wagner se inspirou em três lendas germânicas: Parzival de Wolfram von Eschenbach, Percival le Gallois, ou Le Conte du Graal, de Chrétien de Troyes, e Peredur, anónimo do século XIV. Começou a pensar no libreto em 1857, terminou o primeiro esboço em 1865 e o concluiu em 1877, quando começou efetivamente a composição da obra, que denominou “festival sacro dramático-solene”.
O enredo de Parsifal é bastante complexo, mas em linhas gerais, gira em torno do Santo Graal, o cálice no qual José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo, e da Lança Santa, com a qual o soldado Longinus feriu Cristo. Esta foi entregue por anjos para o puro Titurel que, para guardar e defender a relíquia construiu um castelo e foi consagrado primeiro rei do Santo Graal. Foi sucedido por seu filho Amfortas.
Klingsor, inimigo da irmandade do Graal, tenta destruí-la. Amfortas decide enfrentá-lo numa luta, mas, traído pela bruxa Kundry, é ferido com a Lança Santa, que fica em poder de Klingsor. Amfortas sobrevive, mas sua chaga nunca cicatriza. Nas suas orações aparece uma profecia do Santo Graal: “um dia aparecerá um ingênuo casto que irá trazer a salvação e ser o novo rei”. Este surge na figura de Parsifal, que, inadvertidamente, fere um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas. Inquirido pelos cavaleiros da corte, o desconhecido só consegue dizer que nada sabe, nem ao menos seu nome. Após uma série de eventos, Parsifal, ao atravessar o jardim mágico de Klingsor, é atacado com a Lança Santa, mas esta não o atinge, dá a volta em seu corpo, destrói o castelo mágico e termina nas suas mãos.
Na Sexta-feira-Santa o rei Amfortas, em grande sofrimento, recusa-se a celebrar o Graal, seu único desejo é livrar-se do seu tormento. Quando a irmandade, enfraquecida pela agonia de seu rei, estava prestes a forçá-lo a cumprir sua tarefa, chega Parsifal munido com a Lança Santa. Com ela toca a chaga de Amfortas, que imediatamente cicatriza. Reconhecido como aquele que veio salvar o reino, Parsifal é nomeado rei e, ao presidir a cerimônia, anuncia que o Santo Graal nunca mais será coberto, para que todos tenham acesso à sua força. Coros de anjos cantam o apoteótico final: “Salvação para o Redentor”. O trecho Encantamento de Sexta Feira Santa (Charfreitagszauber) diz respeito a esse contexto.
GUSTAV MAHLER
A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)
Na época da composição de A Canção da Terra, entre 1908 e 1909, Mahler vinha de um período de grande sofrimento. Em 1907, por razões políticas, viu-se obrigado a deixar seu posto como diretor da Ópera de Viena. No mesmo ano faleceu sua filha Maria e ele próprio foi diagnosticado com doença congênita no coração. Em carta ao maestro Bruno Walter desabafou: “Com um só golpe perdi tudo o que ganhei em termos de quem eu pensava que era e tenho que aprender meus primeiros passos novamente como um recém-nascido”.
Última composição de Mahler, A Canção da Terra, foi escrita dentro deste contexto. Considerada uma “sinfonia com voz”, foi escrita para duas vozes, que se apresentam em movimentos alternado, e orquestra. O texto é uma tradução livre de um antigo livro chinês realizada por Hans Bethge (1876-1846), que a denominou Die chinesische Flöte (A flauta chinesa). Deste conjunto Mahler selecionou sete poemas e os arranjou em seis canções.
As duas primeiras, Das Trinklied vom Jammer der Erde (A canção de beber da tristeza da Terra) e Der Einsame im Herbst (O solitário no outono), refletem, de maneira diversa, sobre questões semelhantes. A primeira é a visão de um bêbado desesperado que repete Sombria é a vida, é a morte (Dunkel ist das Leben, ist der Tod); a segunda faz um paralelo entre o outono, expressando uma comiseração que se abate sobre o coração, o que se explicita no verso principal: O meu coração está cansado (Mein Herz ist mude).
As canções seguintes são mais leves e tratam de cenários e elementos da natureza. Von der Jugend (Da Juventude) descreve uma cena chinesa; em Von der Schönheit (Da Beleza), são alegres meninas colhendo flores de lótus e em Der Trunkene im Frühling (O bêbado na primavera), retorna o bêbado que, ao ser acordado por um pássaro (representado pelo flautim), reclama: que me importa a primavera, deixai-me com minha embriaguez!
A última canção, Der Abschied (O Adeus), retoma o clima sombrio, com uma longa reflexão sobre o fim da vida, com direito a marcha fúnebre e uma longa passagem na qual o solista conclui: Em todo lugar a amada terra floresce na primavera e torna a verdejar! Por toda parte, eternamente, resplandece um azul luminoso! Eternamente… eternamente (Ewig… ewig…).
O maestro Bruno Walter, que regeu a estreia de A Canção da Terra na Tonhalle de Munique no dia 19 de novembro de 1911, seis meses após a morte de Mahler, definiu esta composição como “apaixonada, amarga e ao mesmo tempo misericordiosa, o canto da separação e do desvanecimento”.
SERVIÇO
Sábado
R$ 30,00 (inteira)
R$ 15,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)
R$ 10,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida)
R$ 5,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)
Domingo
R$ 10,00 (inteira)
R$ 5,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)
R$ 4,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida)
R$ 2,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)
* Valores especiais: POR TEMPO LIMITADO
Observação:
Expressamente proibida a entrada após o início do concerto.
Não será permitida a entrada de menores de 6 anos.