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Exposição no MACC apresenta olhares retratados por Ernesto Bonato

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) recebe a  instigante exposição “o olho e o rio”, do artista Ernesto Bonato, de 21 de setembro a  27 de outubro. O vernissage acontece nesta quinta, 20 de setembro, às 19h. A mostra reúne cerca de 100 obras, entre pinturas, desenhos e gravuras, realizadas no período de  2008 e 2018.

 

 

Os trabalhos estão arranjados por diferentes critérios de modo a criar uma grande instalação que permite ao visitante perceber as relações significativas entre os grupos de retratos. “Ninguém consegue se ver realmente. Mas sim o seu reflexo”, observa Bonato diante dos olhares de suas obras.

 

 

A exposição é interativa. Conta com um ateliê onde ocorrerão sessões de pintura e desenho com modelos voluntários de terça a sexta. O ateliê também abrigará palestras, conversas e exibição de vídeos. 

“A presença do ateliê em um dos espaços expositivos do museu busca enfatizar o encontro e a ação como parte da obra pictórica, além de criar a oportunidade para se investigar a representação da figura humana a partir de diferentes dinâmicas”, destaca o artista.

 

 

Algumas obras estão relacionados aos vídeos e áudios gravados durante as sessões de pintura, os quais podem ser assistidos pelo celular utilizando os códigos QR encontrados nos espaços expositivos. Além disso, um vídeo criado pelo fotógrafo Vinícius Cruz, abordando os encontros entre o artista e os modelos, com cerca de 11 minutos de duração, é exibido continuamente na mostra. 

 

 

 

 

 

O projeto

A pintura do retrato vem sendo investigada pelo artista Ernesto Bonato  como meio de se estabelecer encontros dilatados com o outro, onde tempo, diálogo e silêncio tornam-se tecido na construção conjunta de uma imagem que é ao mesmo tempo identidade e alteridade. 

“O convívio nascido desse acordo voluntário entre dois indivíduos que se encontram regularmente para se olharem mutuamente, gera uma possibilidade de diálogo muitas vezes mudo, que vai sendo de algum modo registrado na tela, em uma imagem sintética. O tempo das sucessivas poses impregna o retrato pintado de uma qualidade diversa daquela captada instantaneamente pelo equipamento fotográfico, emprestando corpo à duração”, conta Bonato. 

 

No decorrer dos encontros, a expectativa de construção de uma imagem que corresponda a persona do retratado é desafiada pelo tempo e pelo olhar do outro e acaba por ser subvertida, gerando muitas vezes um não retrato: uma imagem que pode revelar aquilo que não se queria ou não se sabia. “Nesse processo, o convívio e a observação são fundamentais para a construção da obra, que vai além da pintura em si, mas engloba o próprio ato de sentar-se diante do outro, os depoimentos e silêncios envolvidos”, afirma. 

 

Bonato argumenta que “o conjunto de pinturas das mais diferentes pessoas, realizadas em diversas situações e locais, mas sempre partindo da premissa do convívio, da escuta e do silêncio, constitui-se em um indício de uma outra possibilidade de abordar a representação da face humana, tão exacerbada em nossa época pelos meios de informação, redes sociais, celulares, publicidade e pela arte, quase sempre mediadas ou derivadas da fotografia e do vídeo”.

 

 

 

O artista

Ernesto Bonato, natural de São Paulo, trabalha com pintura, desenho, gravura, fotografia, instalação e intervenção urbana e teve trabalhos expostos em mais de 190 exposições individuais e coletivas no Brasil e em 28 países. Graduado e mestre pela ECA-USP, participou da criação do Serviço Educativo do MASP, em 1997. Ensinou gravura em metal na FAAP e desenho e gravura no Centro Universitário SENAC. 

 

Foi membro fundador e coordenador do Atelier Piratininga, em São Paulo, de 1993 a 2013.  Recebeu o prêmio Unesco, no 14º Salão Nacional. Participou da criação de projetos coletivos como o “Projeto Lambe-Lambe”, “Trilíngue ABC: Gráfica atual”, “La Art Roman vu du Brésil, entre outros.

Organizou e participou de diversos intercâmbios, simpósios e palestras sobre arte. Foi curador de exposições no Brasil e exterior. Coordenou o livro “Lugar, Tempo, Olhar: arte brasileira na França Românica”. Participou do programa artista residente na Unicamp, transferindo residência para Campinas em 2011.

 

Serviço

Exposição “o olho e o rio”, de Ernesto Bonato

Abertura: 20 de setembro, 19h.

Visitação: 21 de setembro a 27 de outubro. Terças, quartas, sextas e sábados, das 10 às 18h | Domingos e feriados, das 9 às 12h | Quintas, das 10 às 21h | O museu não abre às segundas.

Onde: Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (Av. Benjamin Constant, 1.633, Centro. Campinas). Telefones: | (19) 2116-0346 (19) 3236-4716.

Entrada gratuita.

Projeto contemplado pelo ProAc da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

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