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Cinema em Palavras: Sessões comemorativas com Estela Lapponi e Daniel Gonçalves exploram a diversidade no audiovisual

Em um momento em que a discussão sobre diversidade e acessibilidade ganha cada vez mais força, o projeto Cinema em Palavras convida o público a refletir sobre questões como identidade, corpo e sexualidade através de sessões especiais de documentários e videoarte.  As exibições, ocorrem nos dias 18 e 29 de outubro, sempre com entrada gratuita, intérpretes de Libras e audiodescrição. Os eventos vão contar com a participação da performer e videoartista Estela Lapponi e do cineasta Daniel Gonçalves, seguidas de bate-papo. As projeções acontecerão em três espaços da cidade: Sala dos Toninhos, Cineplex e Adunicamp.

As atividades fazem parte da programação comemorativa dos 20 anos do Ponto de Cultura “Cinema em Palavras”, realizado em Campinas, e contemplado no primeiro edital de Pontos de Cultura do Governo Federal, em 2004. O projeto é organizado por Produções Tortas, Contorno Filmes e o Centro Cultural Louis Braille.

“Além da retomada da sessão de Cineclube com recursos de audiodescrição, achamos que seria importante nessa comemoração, trazermos a discussão também da Cultura Def e da produção de artistas com deficiência no audiovisual”, frisa Paula Monterrey, coordenadora do projeto Cinema em Palavras.

Nas obras de Estela Lapponi o público será convidado a questionar os padrões de beleza e as representações do corpo na sociedade contemporânea. Já os documentários de Daniel Gonçalves apresentam histórias reais num filme autobiográfico e um segundo tratando a respeito da sexualidade das pessoas com deficiência. Ambos os artistas trazem discussões urgentes para uma sociedade anticapacitista.

Sobre a escolha da produção de Estela Lapponi e Daniel Gonçalves, são artistas que “respondem a esse desejo de acessar a arte Def, entendendo as pessoas com deficiência não só como público das atividades culturais”, frisa Paula.

Videoarte

No dia 18 de outubro, sexta, a partir das 19h30, o público poderá conferir a obra e o pensamento da videoartista e performer Estela Lapponi. Da autora, serão apresentados quatro trabalhos, La Hemi, Seliberation #2, B.U.N.I.T.A.S. e ProfanAÇÃO. A plateia será convidada para uma conversa com a artista.

Estela Lapponi se identifica como uma terrorista poética paulistana. Tem como foco de investigação artística o discurso cênico do corpo DEF (pessoa com deficiência), a prática performativa e relacional (público), e o trânsito entre as linguagens visuais e cênicas. Desde 2009 realiza práticas investigativas a partir do conceito que criou – Corpo Intruso. Em 2023, lançou o livro Corpo Intruso- uma investigação cênica, visual e conceitual. É master em Práticas Cênicas e Cultura Visual pela Universidad de Alcalá de Madri e especialista em Estudos Contemporâneos de Dança pela Universidade Federal da Bahia.

De seu repertório, serão exibidos os trabalhos:

LA HEMI (12:14)

La Hemi é um mergulho no labirinto cerebral de um corpo hemiparético, que desafia o espectador/câmera à normalidade das ações cotidianas. Uma autoficção performática, que explora com sensualidade e humor a potência disruptiva do corpo DEF (Pessoa com Deficiência).

Direção: Ila Giroto e Estela Lapponi

Seliberation #2 (5:53)

(se libertar + celeberation = versão Indiana do inglês, celebration)

Encaro o cânone das proporções.

Me canso do cânone das proporções.

Insisto no cânone das proporções.

Me canso do cânone das proporções.

Risco o cânone das proporções.

Antropofagio o cânone das proporções.

I seliberate you.

You seliberate me.

We seliberate us!!

Concepção e performance: Estela Lapponi

B.U.N.I.T.A.S. [CE] (20:56)

O curta é um documentário em que 7 mulheres cis e bípedes descrevem fisicamente suas vulvas e como gostam de tocá-las. A fotografia fechada nas bocas remete ao mito da “vagina dentada”. É uma obravídeoresposta feminista à ninfoplastia – cirurgia de “correção” dos lábios vaginais.

Ganhou o Prêmio AMETISTA no Cine Esquema Novo 2018

“Com caráter surrealista onde a boca se converte na própria vulva, reconstrói o mito da “vagina dentada”desejada e assustadoramente perigosa. O filme conduz à necessidade pungente de conhecer e reconhecer a beleza assimétrica da genitália feminina, seus mistérios e prazeres. Um filme necessário, impactante e sensual.”

Videomaker: Estela Lapponi

As B.U.N.I.T.A.S.[CE]: Angélica di Paula, Cristina Maluli, Juliana Fierro, Luanah Cruz, Paula Cohen, Thais Ponzoni e Vanessa Moraes.

ProfanAÇÃO (25:00)

Cinco artistas que possuem deficiência profanam seus corpos em um ritual poético e vão além daquilo que se quer “ouvir”. 

profanAÇÃO é performance em experimento cinematográfico.

Este curta inicia uma pesquisa de inserção dos recursos de acessibilidade como parte da narrativa, a fim de promover uma experiência utópica de coexistência.

Argumento e Direção: Estela Lapponi 

Elenco por ordem de performance: Edu O., Natalia Rocha, Estela Lapponi, Leo Castilho 

Participação Especial de Sarah Houbolt como Zuleika Brit – projeto Corpo Intruso

Serviço

Quando: 18 de outubro, às 19h30 

Onde: Sala dos Toninhos (Rua Francisco Teodoro – Vila Industrial. Campinas – SP)

Com AD e Intérpretes de Libras

Classificação indicativa: 16 anos

Filmes de Daniel Goncalves: 29 de outubro

No dia 29 de outubro, terça, às 9h, no Cineplex, será apresentado o filme Meu Nome é Daniel, documentário autobiográfico que tem cumprido extensa agenda em festivais de cinema do mundo. No mesmo dia, às 19h30, na Adunicamp, será a vez do longa Assexybilidade, recém estreado nas salas comerciais das principais metrópoles do país (melhor direção de documentário no Festival do Rio 2023).

Formado em jornalismo pela PUC-Rio e pós-graduado em Cinema Documentário pela Fundação Getúlio Vargas, Daniel Gonçalves tem uma deficiência de origem desconhecida que afeta sua coordenação motora. Trabalhou na TV Globo e hoje é sócio da produtora SeuFilme. Dirigiu os curtas-metragens Tem Bala Aí? (2008); Luz Guia (2012); Como Seria? (2014); e Pela Estrada Afora (2015). Meu Nome é Daniel, seu primeiro longa-metragem, foi exibido em mais de 20 festivais, como IDFA, Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Festival de Sydney, Festival de Cartagena e Mostra de Tiradentes. Assexybilidade, segundo longa de Daniel, ganhou o prêmio de melhor direção de documentário no Festival do Rio 2023.

Sinopses

Meu Nome é Daniel (2018, 1h23min)

Daniel de Castro Gonçalves nasceu com uma deficiência que nenhum médico foi capaz de diagnosticar. No documentário em primeira pessoa o jovem relembra sua infância, por meio de registros de família, para tentar entender sua condição, enquanto no presente busca novas respostas para sua doença.

Assexybilidade (2023, 1h26min)

Conheça histórias sobre a sexualidade de pessoas com deficiência e a pluralidade de experiências por meio da vivência de cada uma delas. O documentário busca desmistificar o tabu do sexo e revela também as dores, como a luta diária contra a invisibilidade ou a ideia preconceituosa de que não sentem desejo como todas as pessoas.

Serviço 

Quando: 29 de outubro, às 9h

Filme: Meu Nome é Daniel 

Onde: Cineplex (Av. Washington Luiz, 2480 – Vila Marieta, Campinas – SP)

Com AD e intérpretes de Libras

Classificação Indicativa: 12 anos

 Quando: 29 de outubro, às 19h30 

Filme Assexybilidade

Onde: Adunicamp (Av. Érico Veríssimo, 1479 – Cidade Universitária, Campinas. SP)

Com AD e Intérpretes de Libras

Classificação Indicativa: 16 anos

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