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Deborah Colker apresenta “Cão Sem Plumas”, em Campinas

A atriz Deborah Colker se apresenta no Teatro Castro Mendes, em Campinas, com o espetáculo “Cão Sem Plumas”. As apresentações acontecem no sábado, dia 27, às 20h e, no domingo, às 18h. Os ingressos custam de R$ 50,00 a R$ 120,00, de acordo com o setor. As vendas já estão sendo feitas nas bilheterias do Teatro (Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial) e no site https://teatrocastromendes.com.br. A classificação etária é “Livre”. O espetáculo tem 110 minutos de duração. Informações: www.teatrogt.com.br.

Baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), publicado em 1950, o texto do espetáculo acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco, mostrando a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites e a vida no mangue. A imagem do “Cão Sem Plumas”, serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno. O espetáculo recebeu um dos mais importantes prêmios da dança mundial, “Prix Benois de la Danse” 2018 na categoria coreografia.

“O espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana. Destruir a natureza, as crianças, o que é cheio de vida”, diz Deborah. Na peça, a dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado pela atriz e pelo pernambucano Cláudio Assis – diretor de longas-metragens como Amarelo Manga, Febre do Rato e Big Jato – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.

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A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994). Outros antigos parceiros estão na cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.

Os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908- 1973), autor de Geografia da Fome e Homens e Caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mescla regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.

Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares. “Minha história é uma história de misturas”, explica ela. O espetáculo já foi apresentado em mais de 30 cidades brasileiras e, internacionalmente, nos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Uruguai.

Seu grupo se firmou como fenômeno pop em Velox (1995), Rota (1997) e Casa (1999). Os espetáculos Nó (2005), Cruel (2008), Tatyana (2011) e Belle (2014) trataram de temas existenciais, como os afetos. Em “Cão Sem Plumas”, Deborah reúne aspectos de toda a sua carreira. Posteriormente, a Companhia realizou Cura, com o qual vinha se apresentando desde outubro de 2021.

“Cabem a elegância do clássico, a lama das raízes e o olhar contemporâneo. O nome disso é João Cabral”, diz ela. Reconhecida internacionalmente, Deborah recebeu em 2001 o Laurence Olivier Award na categoria Oustanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança no mundo). Em 2009, criou um espetáculo para o Cirque du Soleil: Ovo. Em 2016, foi a diretora de movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro

João Cabral vivia em Barcelona, como diplomata, quando leu numa revista que a expectativa de vida no Recife era menor do que na Índia. A notícia foi o impulso para fazer “O “Cão Sem Plumas”, ”. Publicou em 1953 “O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife” e, três anos depois, sua obra mais conhecida, “Morte e Vida Severina”. Sua poesia, das mais importantes do Brasil, é marcada pelo rigor e pela rejeição a sentimentalismos.

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