“É muito triste saber que ainda existe o trabalho infantil. E mais inquietante é saber que há muitas crianças que têm tudo o que querem e não valorizam, sendo que há uma outra parcela que tem de vender balas em semáforos para ajudar no sustento da família”. A indignação veio da estudante Ana Flávia Modesto, aluna do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação Integral (Emfei) Zeferino Vaz, o Caic, na Vila União.

 

Na manhã desta sexta-feira, 7/11, Ana e outros 54 colegas de escola, todos do 9º ano, participaram da cerimônia de encerramento do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC), oferecido pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Amatra- 15ª Região). O evento foi no prédio administrativo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Centro.

 

Durante a cerimônia, os alunos fizeram quatro apresentações sobre trabalho infantil, Jovem Aprendiz, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e holerite. Os temas escolhidos estão relacionados ao curso que frequentaram na Amatra. 

 

Programa Trabalho, Justiça e Cidadania

 

Há duas décadas, a Amatra oferece para os alunos de escolas públicas o programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC) que, nesta edição, trabalhou o tema: “Sustentabilidade e Trabalho Decente”.

 

O TJC acontece em três frentes. Na primeira, os magistrados fazem uma formação com os professores; na segunda etapa, o conhecimento é repassado aos estudantes; no último ciclo, os alunos têm contato com juízes e desembargadores e tomam conhecimento de como é a rotina de um tribunal do trabalho.

 

Alunos e professores recebem formação sobre direitos humanos, direito do trabalho, direito da criança e do adolescente, ética, cidadania e direito previdenciário. As aulas são ministradas por magistrados, professores e servidores do Judiciário. Fazem parte do programa visitas guiadas às Varas e Tribunais do Trabalho.

 

“A ideia é despertar nesses jovens noções de cidadania, respeito e ética”, afirmou a presidente do TRT-15ª Região, Ana Paula Pellegrina. “A proposta também é que eles tenham essa vivência do que é a Justiça no Brasil”, completou o presidente da Amatra-15ª Região, Francisco Duarte Conte.

 

Educação

 

Para a Secretária Municipal de Educação, Patrícia Adolfo Lutz, essa parceria das escolas com o TRT só vem a somar. “É de extrema importância que os nossos alunos tenham esses conhecimentos para poderem lutar contra as injustiças sociais”, afirmou.

 

Ex-aluno de escola pública, o desembargador Fábio Bueno Aguiar, que é o coordenador pedagógico do TJC, diz ser testemunha de que muitos juízes optaram pela profissão após receber projetos como esses na escola onde estudavam.