Teste da orelhinha detecta problemas auditivos já em recém-nascidos
Entre uma e seis crianças a cada 1.000 recém-nascidos apresentam perda auditiva. No entanto, se a perda auditiva for diagnosticada logo no nascimento – e o tratamento iniciado até os 6 meses de vida -, as crianças apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma ouvinte.
A triagem auditiva em recém-nascidos é obrigatória por Lei Federal desde 2010. Mas, na Maternidade de Campinas, o Teste da Orelhinha – como é conhecido o programa Triagem Auditiva Neonatal (TAN) – é pioneiro no interior paulista e oferecido há 20 anos. Graças a esse teste, realizado com a ajuda de equipamentos de última geração, a Maternidade de Campinas tem conseguido identificar a perda auditiva ainda no período neonatal, para permitir a intervenção precoce e, assim, evitar alterações de fala e de linguagem da criança, desvinculando a surdez da mudez. São realizados na Maternidade de Campinas cerca de mil testes por mês.
“O sistema auditivo está formado a partir do quinto mês de gestação e, após o nascimento, o desenvolvimento do sistema auditivo central acontece a partir da estimulação auditiva. Qualquer problema auditivo deve ser detectado logo no nascimento, para que seja devidamente tratado e não venha prejudicar o desenvolvimento da fala e da linguagem da criança”, explica o responsável pelo Departamento de Otorrinolaringologia da Maternidade de Campinas, Dr. Luis Miguel Chiriboga.
De acordo com o especialista, qualquer bebê pode apresentar um problema auditivo ao nascer ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida, mesmo que não haja casos de surdez na família ou fatores de risco aparentes. “O diagnóstico após os seis meses de vida pode trazer prejuízos ao desenvolvimento da criança e na sua relação com a família”, alerta.
Comemoração
Para comemorar as duas décadas da implantação do Teste da Orelhinha, o serviço de Triagem Auditiva Neonatal da Maternidade de Campinas programou para os dias 18 e 19 de agosto uma série de palestras em seu anfiteatro voltadas aos profissionais, entre eles fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, pediatras e alunos de Medicina.
Para os pais e familiares, a palestra sobre a aceitação da deficiência auditiva será feita pela psicóloga Vera Sant’ana no dia 19, das 11h15 às 12h15. A Maternidade de Campinas está localizada na Avenida Orosimbo Maia, 165.
O objetivo é divulgar o serviço, atualizar os profissionais do setor e conscientizar os pais sobre o tratamento e (re)habilitação da deficiência auditiva, incluindo tecnologias como o implante coclear. O ingresso para as palestras é um pacote de fralda descartável para recém-nascidos que será doado para as pacientes atendidas pelo SUS – Sistema Único de Saúde da Maternidade de Campinas.
Teste da Orelhinha
A triagem auditiva é feita inicialmente por meio do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, realizado no segundo ou no terceiro dia de vida, ainda durante o período de internação, com o bebê em sono natural. Dura entre 5 e 10 minutos, não tem contraindicação, não incomoda e não acorda o bebê por não exigir nenhum tipo de intervenção invasiva.
As Emissões Otoacústicas Evocadas são os sons captados pelo equipamento utilizado, provenientes da cóclea (parte auditiva do ouvido interno), após receber um estímulo sonoro. O método não tem como objetivo quantificar a deficiência auditiva, porém detecta a sua ocorrência, considerando que as emissões otoacústicas estão presentes na grande maioria das orelhas funcionalmente normais. Elas deixam de ser observadas quando existe qualquer alteração auditiva.
A falha detectada no primeiro exame pode demonstrar que a criança apresenta perda auditiva ou está com a orelha obstruída. Como no recém-nascido a obstrução é comum e causada por vérnix (substância gordurosa que envolve todo o corpo do bebê no nascimento), caso ocorra falha no primeiro exame, esse bebê deve retornar no período de 15 dias para reteste. Quando a perda auditiva do bebê é confirmada, a Maternidade de Campinas também realiza todo o diagnóstico e acompanhamento audiológico necessários.
Triagem Auditiva Neonatal
O Setor de Triagem Auditiva Neonatal da Maternidade de Campinas iniciou o atendimento opcional em 7 de agosto de 1997. Desde então, aproximadamente 100 mil crianças foram triadas (88.487 estão registradas no banco de dados computadorizado).
Em setembro de 2007, essa triagem passou a ser obrigatória na cidade de Campinas a partir de uma Lei Municipal. É feita conforme as diretrizes de atenção à TAN do Ministério da Saúde e seguindo os indicadores de qualidade recomendados pelo Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva (Comusa). O serviço é coordenado pela Dra. Fga. Elaine Soares, que também faz parte do Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal (Gatanu).
Programa – 18 de agosto
Palestras para os profissionais das áreas da Saúde e da Educação
8h – Entrega dos Materiais
8h30 – Abertura
Visão Geral da Instituição (Dr. Carlos Eduardo Martins Ferraz)
Um panorama da Triagem Auditiva Neonatal Universal (Tanu) na cidade de Campinas (Drª. Valéria Vendramini)
9h – Como tudo começou: a história do serviço de Tanu na Maternidade de Campinas (Dr. Luis Miguel Chiriboga e Fga. Elaine Soares)
9h30 – O papel do Otorrinolaringologista na Tanu (Dr. Luis Miguel Chiriboga)
10h – Coffee Break
10h30 – Protocolos e padrões de qualidade na Tanu (Fga. Elaine Soares)
11h – Emissões Otoacústicas Auditivas e Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Cerebral (Peate) – (Fga. Laura Chiriboga e Fga. Sthefany Nathaly Ferraresi)
12h – Almoço
14h – Protocolos de Diagnóstico
Aplicabilidade do Peate Click (Fga. Mônica Chapchap)
Aplicabilidade do Peate Frequência Específica (Fga. Flávia Ribeiro)
Aplicabilidade do Peate (Dr. Roberto Beck)
15h30 – Mesa Redonda “Sessão tira dúvidas” (Dr. Luis Miguel Chiriboga, Dr. Roberto Beck, Fga. Elaine Soares, Fga. Flávia Ribeiro e Fga. Mônica Chapchap)
16h – Coffee Break
16h30 – Causas Etiológicas das Perdas Auditivas (Dr. Maurício Kurc)
17h00 – Introdução ao Espectro da Neuropatia (Dr. César Bertonha )
17h30 – Discutindo Casos de Neuropatia Auditiva (Dr. César Bertonha, Dr. Maurício Kurc, Dr. Roberto Beck, Fga. Elaine Soares e Fga. Flávia Ribeiro)
19 de agosto
8h30 – A participação da Enfermagem na Tanu (Enf. Adriana Cavalleri)
9h – Intervenção Precoce na Reabilitação do Deficiente Auditivo (Fga. Elaine Soares)
9h30 – Critérios de Seleção para Implante Coclear (Dr. Henrique Gobbo)
10h – Reabilitação Auditiva: a Terapia (Fga. Ana Maria Mendes Oliveira)
10h45 – Coffee Break
Palestra para pais e familiares
Das 11h15 às 12h15 – palestra aberta para os pais, familiares, amigos e usuários de AASIs/ICs: Aceitação da deficiência auditiva (Psico. Vera Sant’ana)