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Fazenda Roseira receberá melhorias com recursos de contrapartida do EIV

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O prefeito Dário Saadi anunciou nesta quinta-feira, 31 de março, várias ações que vão beneficiar a Casa de Cultura Fazenda Roseira visando, principalmente, dar mais segurança ao local. Foi assinado um termo entre Campinas e a empresa TGO Sky Bandeiras Empreendimentos, vizinha do local, que fará melhorias como pagamento de contrapartida, utilizando um mecanismo urbanístico previsto em lei.
O anúncio foi feito pelo prefeito, que estava ao lado do vice-prefeito e secretário de Relações Institucionais, Wanderley de Almeida; da secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli; da secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat; do secretário de Justiça, Peter Panutto. Também participaram do anúncio o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi; a gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, Alessandra Ribeiro; as vereadoras Paolla Miguel e Guida Calixto, representantes da vereadora Mariana Conti, e convidados.
Quero dizer da minha alegria e parabenizar a todos, as pessoas dedicadas à preservação da nossa cultura e história. Parabéns à Fazenda Roseira, que eu pessoalmente visitei muitas vezes, um local do qual sempre gostei, e cuja história de resistência admiro, história de conquista do movimento negro e do movimento popular”, disse o prefeito.
O secretário de Relações Institucionais, Wanderley de Almeida, falou da importância do trabalho das secretarias “que foram incansáveis em buscar a solução”. “Hoje a gente celebra o resultado, alcançado pela busca de uma contrapartida responsável por trazer o que a Fazenda precisa em termos de segurança, inclusive com a implantação de um posto de vigilância, a partir da abertura de uma perspectiva diferente daquela que a legislação nos mostrava antes”, reforçou.
O vice-prefeito também destacou a composição da mesa, com a presença de membros do governo e da oposição. “A administração Dário Saadi dá uma demonstração, que deveria ser exemplo para o País, de que há causas que são maiores que as nossas diferenças, e o resultado está aqui: parabéns à Fazenda Roseira, à Alessandra Ribeiro e ao Jongo Dito Ribeiro”.
Recursos e melhorias
A secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, lembrou o histórico da relação entre a Prefeitura e a Fazenda Roseira, e celebrou “a possibilidade de assumir esse apadrinhamento, esse cuidado e carinho que a Fazenda Roseira, como Casa de Cultura, merecia da municipalidade e da Secretaria de Cultura”.
O termo assinado nesta quarta contempla melhorias por meio do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). A empresa TGO Sky Bandeiras fará as obras, incluindo o cercamento em todo o perímetro da área ocupada pela casa de cultura. Também haverá a instalação de iluminação pública no entorno, de câmeras de segurança ligadas à CimCamp e de placas de sinalização viária para indicar os caminhos para chegar ao local.
Alexandra agradeceu a todos pela sensibilidade de contemplar a Fazenda com recursos recebidos como contrapartida, medida com a qual, até então, a Cultura não era contemplada. “É muito importante dizer que estamos aqui quebrando um paradigma. A utilização desse mecanismo, o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) é uma mudança extremamente importante porque vai permitir aplicar na Fazenda Roseira recursos no valor total de R$ 422.687,93, que vêm através de contrapartidas”.
Segurança patrimonial
Entre as ações anunciadas estão o novo decreto, que vai permitir à Casa de Cultura comercializar itens nas atividades culturais e também cobrar ingressos em algumas festas, desde que os recursos sejam integralmente voltados à manutenção do espaço público. Outra medida é a emenda parlamentar, já em trâmite, do deputado Orlando Silva, que destina verba de R$ 400 mil para a melhoria do telhado, pintura e outras benfeitorias internas na Casa de Cultura.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo conseguiu implantar segurança patrimonial no local. “Um segurança da Secretaria ficará no local durante esse período e também temos o novo decreto, que é tão importante para a sobrevivência da Casa de Cultura, além das emendas parlamentares”, adiantou a secretária.
A secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat, ressaltou a inserção da Secretaria de Cultura no EIV, uma forma de parceria público-privada que, agora, não será utilizada somente para construção de escolas, creches, assistência social. “É importante entender que também as manifestações culturais, os museus, os espaços de centros de convivência requerem recursos para suas construções e melhorias. É um grande avanço olhar para a cultura em nosso território, buscando iniciativas que possam beneficiá-la”.
O secretário de Justiça, Peter Panutto, detalhou os desafios jurídicos que foram vencidos para demonstrar que a Casa de Cultura Fazenda Roseira é um imóvel público e o município tem, nesse caso, o dever de zelar por um bem tombado. Também contou os caminhos percorridos para abrir a possibilidade da Associação do Jongo Dito Ribeiro passar a receber os incentivos financeiros.
‘Exemplo para o Brasil’
Assinar esse documento, hoje, é a certeza de que a nossa cidade, mais uma vez, dá exemplo para o Brasil inteiro de que é possível o poder público e a sociedade civil caminharem de mãos dadas para fazer uma sociedade melhor a todos e a todas”, disse Alessandra Ribeiro, gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira. Ela, que também é historiadora, doutora em Urbanismo e neta de Benedito Ribeiro, agradeceu a todos e ao prefeito “pela parceria, compromisso e reconhecimento do nosso trabalho”.
Uma das principais atividades desenvolvidas no local são as relacionadas ao Jongo. O Jongo do Sudeste é uma manifestação cultural reconhecida nacionalmente: em 2005, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu o Jongo do Sudeste como patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial. O Jongo do Sudeste também foi registrado pelo Condepacc em 2013, além de ser patrimônio cultural imaterial do município de Campinas.
A Casa de Cultura Fazenda Roseira é uma referência agregadora da cultura afro-brasileira dentro da cidade de Campinas. Trata-se de um casarão do final do século XIX que se tornou um equipamento público em 2007 por conta do loteamento da área da antiga Fazenda. À beira da destruição e depredação, foi ocupada pela Comunidade Jongo Dito Ribeiro e outros grupos, movimentos sociais e religiosos de matrizes africanas que já organizavam-se em rede.
A Associação do Jongo Dito Ribeiro, desde 2008, faz a gestão da Casa, articulando atividades culturais e educativas que têm como eixos a cultura, a história, a mitologia e o meio ambiente em uma perspectiva afro-brasileira. Com base na lei 10639/03, de implementação do estudo da história da África e da cultura afro-brasileira nos currículos escolares de todas as redes de ensino do país, desenvolve atividades direcionadas para alunos da rede básica de ensino e para a formação de profissionais da educação.
São muitos os projetos e atividades que acontecem na Fazenda Roseira: projeto Ossaim – etnobotânica e ervas; projeto Oxóssi – fomento de agricultura urbana e plantio de hortaliças; aulas de Capoeira – Grupo Ibeca; escola de Curimba – uma perspectiva cultural dos toques e cânticos das religiões de matrizes africanas; aulas de Hip Hop; roteiro Afro para escolas e público interessado (com agendamento); espaço Sabores das Marias – Cozinha Afro; oficinas de jogos africanos, contação de estórias, mitologia africana e brincadeiras da infância.
Também encontram local para desenvolvimemnto na Fazenda a Teia da Capoeira; Cine Afro com vídeos dos LAB Cultura Viva e de referência aos trabalhos comunitários; Sou África em todos os Sentidos – evento do mês da Consciência Negra; Dia do Samba – 2 de Dezembro; Carnaroseira, o carnaval da Comunidade.
São ainda realizados diversos eventos em parceria com outros coletivos, como o Encontro de Trançadeiras, a Feijoada do Aos Brados, o Frango, Polenta e Politica – Promotoras Legais Populares, a Feijoada da Escola de Bambu.
Outras atividades são o Tuko Pamoja Brasil, de intercâmbio internacional entre Brasil, Noruega e Moçambique no qual jovens de 18 a 25 anos se firmam em linguagens artísticas após dez meses de residência nesses países.
O Jongo do Sudeste
Considerado um dos precursores do samba, o Jongo é composto por elementos de dança, canto e percussão de tambores. No passado, foi uma das poucas possibilidades de lazer e resistência à dominação colonial dos trabalhadores negros escravizados nas lavouras de café e cana de açúcar.
Com a transmissão dos saberes entre gerações, o Jongo, hoje, está nas periferias urbanas e em algumas comunidades rurais do sudeste brasileiro, e continua com seu papel de mobilização social e de alegria. Assume uma postura política e articuladora de grande importância para os guardiões dessa tradição e para seus novos interlocutores.

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